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As paisagens imperdíveis do Peru
O Peru possui paisagens muito variadas em seus 1.285.000 km² e, se os números não te dão uma boa referência de tamanho, é aproximadamente os estados da Bahia, Minas Gerais e Paraná juntos. É possível dirigir, em poucas horas, desde o visual árido do litoral até altitudes de quase 5 mil metros, com lagos e picos nevados, ou então para regiões de mata fechada, calor e chuvas constantes, como na Amazônia.
Sendo a beleza um critério subjetivo, não tenho a pretensão de achar que essa lista é definitiva, mesmo porque ainda há muito para eu conhecer, mas com as fotos você poderá decidir quais destinos quer incluir em sua viagem e acredito que alguns locais aqui mostrados serão uma surpresa para você, assim como foram para mim.
Esse artigo mostra apenas as paisagens que podem ser alcançadas de carro ou por trilhas de um dia, não sendo necessário acampar. Para ver as trilhas de vários dias que eu considero as mais bonitas do Peru, acesse os links a seguir:

Mapa retirado do Google Maps com a localização dos atrativos descritos nesse artigo.
1. Catarata Gocta
Em um país cheio de montanhas e rios, é natural que existam muitas cachoeiras e, dentre todas, a que mais se destaca é Gocta, por possuir duas quedas em sequência que, somadas, têm 771 metros de altura! De acordo com o World Waterfall Database, essa é a 18ª cachoeira mais alta do mundo na categoria overall height, ou seja, quando diversas quedas em sequência são somadas. Porém, se formos considerar a categoria free-falling drop, que é quando a água cai em queda livre e sem considerar a soma de quedas em sequência, a queda inferior de Gocta é a quarta mais alta do mundo, com 540 metros!
Além da grande altura, o que impressiona ainda mais é o enorme volume de água, já que na Amazônia a chuva é uma constante mesmo no inverno, a época “seca”. Aliás, é tanta água que a cachoeira pode ser vista facilmente desde a vila de Cocachimba, a 4 km de distância.
Há duas trilhas para chegar na base das cachoeiras, uma começando em San Pablo e a outra em Cocachimba. De Cocachimba, que possui mais hotéis e restaurantes, sai uma trilha bem demarcada que leva para a base da queda inferior e sempre há grupos nesse caminho. Contando ida e volta, a trilha tem 11 km e elevação acumulada de 1.050 metros.
Partindo de San Pablo, a trilha leva para a base da queda superior, tem 11,7 km (ida e volta) e elevação acumulada de 720 metros, já incluindo um pequeno desvio para um mirante no caminho que liga a trilha superior à inferior. Aliás, minha recomendação é que faça o circuito completo, iniciando em San Pablo, indo até a base da cachoeira superior, pegando a ligação que leva para a trilha inferior, chegando na base da queda maior e voltando para Cocachimba, em um circuito de 15,3 km, com elevação acumulada de 1.332 m.
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As duas quedas da catarata Gocta, somadas, têm 771 metros!

Queda inferior da Catarata Gocta, com 540 metros de altura!
2. Catarata Yumbilla
Na mesma região que Gocta, mas tendo como base a vila de Cuispes, Yumbilla é uma série de cachoeiras que, somadas, têm 896 metros, mas a partir do mirante só é possível ver as duas quedas superiores. Com o drone eu pude fotografar toda a sequência, onde se vê 4 cachoeiras, mas parece que dentro do cânion há mais quedas. De qualquer forma, o que importa é o que podemos ver e Yumbilla não é tão interessante como Gocta, não apenas pela menor altura visível do mirante, como por ter bem menos água.
No meio do caminho se passa pelas Cataratas Cristal e Medio Cerro, que eu achei até mais interessante que Yumbilla pois é preciso passar por trás da queda d’água.
No local de início da trilha há outro caminho, que leva para a Catarata Pabellón, que apesar de ser muito alta, o mirante nos deixa ver apenas 50 metros dela, aproximadamente. Não acho que vale a pena passar um dia em Cuispes para ver a Pabellón, mas se conseguir fazer as duas trilhas no mesmo dia, seu tempo será bem aproveitado. De qualquer forma, não considero Yumbilla como uma das atrações imperdíveis do Peru, ao contrário de Gocta, que deveria estar na lista de todos que gostam de cachoeiras.
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Vista aérea das diversas quedas da Catarata Yumbilla que, quando somadas, chegam a 896 metros.

Duas quedas superiores de Yumbilla vistas do mirante.

Catarata Medio Cerro, na trilha para Yumbilla.
3. Laguna Parón
Há muitos lagos de altitude lindíssimos por todo o Peru e, dentre todos, o que tem acesso mais fácil é a Laguna Parón, na Cordilheira Blanca, por ser possível chegar de carro até sua margem, a 4.206 metros de altitude. Porém, se você quer uma vista ainda mais bonita, pegue a trilha de 1,6 km (ida e volta) e suba 155 metros até um mirante de onde fará fotos incríveis da Laguna Parón e das montanhas ao redor: Artesonraju (6.025 m), Pirámide (5.885 m), Chacraraju (6.108 m) e Huandoy (6.395 m).
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Mirante da Laguna Parón e, ao fundo, o Nevado Pirámide.

Vista aérea da Laguna Parón.

Clique para abrir uma foto aérea em 360 graus mostrando a Laguna Parón e as montanhas Artesonraju, Chacraraju, Huandoy, Pirámide e Pisco.
4. Laguna 69
Tão bela como a Parón, a Laguna 69 também é um destino famoso, mas para chegar nela é preciso caminhar 14 km (ida e volta) e subir 860 metros, alcançando 4.626 metros de altitude, que cobra o preço de quem não está muito bem aclimatado. O visual da beira do lago já é impressionante, mas se você tem pernas para subir mais um pouco, há um mirante 100 metros acima (1 km ida e volta) que oferece uma vista panorâmica do lago e do Nevado Chacraraju (6.108 m).
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Laguna 69 e Nevado Chacraraju.

Vista do mirante acima da Laguna 69.
5. Reserva Paisajística Nor Yauyos Cochas
Apesar de estar a apenas 6 horas de Lima, essa Reserva é pouco conhecida até mesmo dos peruanos, possivelmente por não ter infraestrutura turística muito desenvolvida e por competir com muitos outros destinos famosos, porque falta de beleza certamente não é o motivo. Há cavernas, montanhas nevadas, lagos e cachoeiras, sendo essas, na minha opinião, o que há de mais interessante.
Eu estive em Nor Yauyos Cochas no inverno, que não é a época mais bonita pois há menos água, mas, mesmo assim, vi umas quedas lindas, em um visual bem diferente das cachoeiras que conhecia por causa das plantas por onde corre a água, mas é mais fácil que você entenda olhando as fotos abaixo.
Bem perto fica o Cânion de Uchco, que é cortado por uma estrada sinuosa, estreita e bastante cênica, então se você está dirigindo, aproveite para conhecê-lo.

Essas são as Cascadas de Carhuayno, que no verão têm suas quedas bem mais largas.

O Bosque del Amor tem uma série de cachoeiras e corredeiras em meio à vegetação.

Vista aérea da Laguna Papacocha, na beira da estrada de terra que corta Nor Yauyos Cochas.

Estrada que corta o Cânion de Uchco.

Esse cânion fica próximo de Nor Yauyos Cochas, no caminho para Caraz e as Lagunas Parón e 69.
6. Águas Turquesas de Millpu
Mais uma atração pouco conhecida, mas uma das mais lindas de todo o Peru são as Águas Turquesas do rio Millpu, que corre por dentro de um desfiladeiro, criando diversas piscinas naturais que, durante o inverno, ganham uma forte cor turquesa. As fotos até parecem ser editadas, mas te garanto que não há saturação de cores nas imagens abaixo.
Vale dizer que no verão, quando as chuvas são constantes, a água perde esse tom, então visite no inverno e torça para não ocorrer uma chuva forte antes da sua visita, mas isso é raro na época seca.

Piscinas naturais formadas pelo rio Millpu.

Essa cor linda é causada pelos minerais que se depositam nas piscinas naturais, sendo que na época de chuvas o maior fluxo de água leva os sedimentos e o rio não tem essa tonalidade.

Se procurar no Google, verá fotos de pessoas se banhando, mas isso foi proibido pela degradação das formações e por alterar a cor da água ao movimentar os sedimentos.
7. Machu Picchu
A atração mais famosa do Peru, e uma das mais famosas do mundo, sem dúvida é Machu Picchu. Tão famosa que até pensei em não incluir nesse artigo, mas como há algumas dicas que acho bom você saber, aqui vão elas: Cada tipo de ingresso dá direito a percorrer uma parte das ruínas, não é permitido andar livremente por todo o local. O ticket que eu considero mais interessante é o que permite subir a montanha Huayna Picchu, tendo uma vista panorâmica das ruínas que vale o esforço da íngreme subida de 250 metros. Aliás, o cume de Huayna Picchu é pequeno, então se puder ir no primeiro horário do dia e subir rapidamente, terá um pouco de tranquilidade para curtir a vista e fazer suas fotos.

Machu Picchu e, ao fundo, a montanha Huayna Picchu.

Cume da montanha Huayna Picchu.

Machu Picchu vista da montanha Huayna Picchu.
8. Montanha Vinicunca
Há montanhas coloridas desde o Noroeste da Argentina (veja aqui um artigo sobre essa região sensacional dos Andes), passando por toda a Bolívia e chegando no centro do Peru, onde fica a mais famosa delas, Vinicunca, que também é chamada de Montaña 7 Colores ou Rainbow Mountain. A fama é merecida pois é uma formação realmente incrível e, como fica a 3 horas de Cusco, recebe centenas de visitantes todos os dias. Se você está de carro, recomendo que vá de tarde, assim as vans já estão de saída para Cusco e você terá um pouco de sossego. Contando ida e volta, a caminhada tem 7 km com subida de 400 metros, o que parece pouco, mas sem uma boa aclimatação não será fácil chegar aos 5.074 metros de altitude.

À direita está a trilha que leva até o mirante de Vinicunca.

Montanha Vinicunca.
9. Montanha Pallay Punchu
Montanha colorida bem menos famosa, mas igualmente impressionante que Vinicunca, é Pallay Punchu del Apu T’acllo. A menor fama se dá por estar ainda mais longe de Cusco, com mais de 4 horas de carro, mas para compensar, a caminhada é mais curta e fácil. Todo o circuito tem 2,5 km, com elevação de 225 metros e altitude máxima de 4.829 metros. A formação não tem tantas cores como em Vinicunca, mas é uma área bem maior e é possível andar por toda a montanha para fotografá-la em ângulos variados, além de ter uma bela vista para a Laguna Langui. Visitei Pallay Punchu em um domingo e, mesmo sendo dia de folga, encontrei apenas 4 peruanos que trabalham na região. Se fosse dia de semana, provavelmente teria a montanha inteira só pra mim!
Clique aqui para baixar o tracklog no Wikiloc.

Repare que há uma pessoa quase no topo de Pallay Punchu, para ter uma referência de tamanho.

Foto aérea da montanha colorida T’acllo, onde fica a formação conhecida como Pallay Punchu.

Pallay Punchu.

Da montana T’acllo se vê a cidade de Layo e a Laguna Langui.
10. Cânion de Colca
Colca é o cânion mais famoso do Peru e um dos mais profundos do mundo, possuindo boa infraestrutura turística em Chivay, a principal cidade, e diversas vilas distribuídas pelo cânion com algumas hospedagens e restaurantes. A região é bonita, mas na minha opinião, em boa parte mais se parece com um vale do que com um cânion, já que as montanhas não são íngremes. Apenas próximo à Cruz del Cóndor e também na sua extremidade oeste, em uma região bem menos turística e com estradas ruins que o cânion tem paredes profundas e a paisagem se torna mais imponente, mas nesse trecho eu não vi nenhum turista, apenas os moradores. O que achei mais interessante em Colca foi o Mirador del Cóndor, onde de manhã é bem provável encontrar o condor andino (eu vi vários), uma das maiores aves voadoras do mundo, com envergadura de até 3,3 metros! Honestamente, acredito que Colca vale sua visita apenas se você tem bastante tempo livre no Peru, senão recomendo que conheça o cânion que cito no próximo tópico.

Foto aérea do Cânion de Colca próximo ao mirante Cruz del Cóndor.

O condor pode ser visto todas as manhãs no mirante da Cruz del Cóndor.

Clique para abrir uma foto aérea em 360 graus com vista para Lari, Maca e Madrigal. Repare que nessa região o cânion mais se parece com um vale.
11. Cânion de Cotahuasi
Bem menos famoso que Colca, Cotahuasi é ainda mais profundo e tem realmente aparência de um cânion, com imensas paredes íngremes que, em seu fundo, veem correr o Río Cotahuasi. O motivo de ser menos visitado é que fica mais longe de Arequipa que Colca, há menos ônibus para a cidade de Cotahuasi, a principal do cânion, poucas hospedagens e restaurantes e, o que complica mais para quem não está de carro, o transporte entre as vilas é bastante precário. Na primeira vez que fui para Cotahuasi eu não tinha carro e tive dificuldade para saber os horários dos ônibus, já que nem mesmo os moradores sabiam informar corretamente. De qualquer forma, fiquei oito dias por lá e foi uma viagem incrível! Na segunda vez, fui de carro e tive uma experiência muito mais tranquila e com o tempo melhor aproveitado, então recomendo que, se não viajou de carro até o Peru, alugue um em Arequipa pois, com isso, vai conhecer muito mais pontos em menos dias. Abaixo coloquei algumas fotos só para ter uma ideia da região, mas recomendo que clique aqui para abrir um artigo que fiz sobre esse cânion, tenho certeza que vai se surpreender.

Rio Cotahuasi próximo ao vilarejo de Chaupo.

Bosque de Piedras Huito.

Sul do Cânion de Cotahuasi, na trilha que liga Charcana a Quechualla.
Clique aqui para abrir um artigo sobre o Cânion de Cotahuasi, com descrição dos atrativos e muitas fotos.
12. Lago Titicaca
O lago navegável mais alto do mundo fica a 3.820 metros de altitude, tem em torno de 8.300 km² e está dividido entre o Peru e a Bolívia. Na verdade o lado boliviano é mais famoso, com a cidade de Copacabana recebendo muitos turistas do mundo todo, mas o lado peruano também tem bons atrativos, como as ilhas flutuantes Uros, que são construídas com junco, os caballitos de totora, barcos típicos também construídos de junco e as ilhas Amantaní e Taquile, que podem ser visitadas em um passeio de um dia ou com pernoite, que foi minha opção para ter um pôr do sol no Titicaca. É verdade que Puno, a cidade base para os passeios, é menos interessante que Copacabana, na Bolívia, mas acredito que vale a visita caso você já esteja por essa região do Peru.

A cristalina água do Lago Titicaca e a ilha Taquile.

Esses barcos se chamam caballitos de totora.

Casa feita de totora (junco) em uma das ilhas flutuantes Uros, que também são feitas de totora.

Pôr do sol na ilha Amantaní.
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