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Circuito Ausangate, Peru – Roteiro e dicas

Mapa do Circuito Ausangate dividido em 4 dias de caminhada, totalizando 47,3 km de distância e 2.032 m de elevação acumulada.

Melhor época

De maio a setembro é a temporada seca, sendo julho e agosto os meses mais frios. Nesse período, são raros os dias de chuva, mas é preciso estar preparado para o pior clima possível, já que sempre pode ocorrer. Durante os cinquenta dias que passei nas montanhas peruanas no inverno de 2022, só choveu e nevou em um dia e, mesmo assim, apenas por algumas horas.

Descrição

O Circuito Ausangate fica na Cordilheira Vilcanota, que faz parte da Cordilheira dos Andes, no sul peruano. A trilha descrita aqui é um pouco diferente do caminho tradicional pois fiz um desvio para passar por uma região que considero mais bonita, dormindo na beira de um lago que não tem estrutura de camping. Pela curta distância desse trekking, é possível fazê-lo em 3 dias, mas se quiser dormir nos campings mais bonitos, é recomendado fazer em 4 dias.

A trilha fica quase sempre entre 4,5 e 5 mil metros de altitude, tendo como ponto mais alto o Paso Palomani, com 5.092 m, então é necessário fazer uma boa aclimatação antes de entrar no circuito.

De dia, quando não há vento e sob o sol, a temperatura fica alta, permitindo andar de camiseta e bermuda, mas assim que o sol se põe, a temperatura cai rapidamente e, de noite, as mínimas ficam quase sempre abaixo de 0 grau. Quando eu fiz o circuito, as mínimas ficaram entre 2 e 10 graus negativos, mas esteja preparado para enfrentar temperaturas ainda mais baixas, em caso de uma frente fria.

Cidade base

Cusco é a cidade grande mais próxima e, por ser também a cidade de partida para ir a Machu Picchu, há muitas opções de hospedagens e restaurantes, mas os preços são mais altos que em Huaraz, a cidade base para os trekkings no norte do Peru.

Onde dormir: Para quem quer uma hospedagem econômica, o Eco Inn Hostel é uma ótima opção, com quartos confortáveis, bom chuveiro, wifi forte e o café da manhã tradicional desse tipo de hospedagem no Peru, com pão, geleia, manteiga, chá, café e ovos. O hostel está muito bem localizado, bem perto da Plaza de Armas e a equipe me atendeu muito bem. No geral, é um ótimo custo x benefício.

Onde comer: Não conheci muitos restaurantes em Cusco, mas em dois deles comi muito bem e posso recomendar.

  • JJonas Cocina Fusión: bem perto da Plaza de Armas, o restaurante tem um ambiente bonito e fica no segundo andar, com vista agradável para a Av. El Sol. Mais importante que isso é que o atendimento foi bom e a alpaca com penne estava muito boa. Clique aqui para abrir o Facebook do JJonas.
  • Pizzería La Nostra: apesar de se chamar pizzaria, tem muitos outros pratos e eu comi um bife à milanesa muito bom e com preço mais em conta que de outros bons restaurantes em Cusco. Clique aqui para abrir o Facebook da La Nostra.

Aclimatação

Para me aclimatar à altitude, eu passei 3 dias em Huaraz (3 mil metros de altitude), fazendo trilhas leves nos dois primeiros dias e moderada no terceiro dia. Para mim, foi suficiente, mas cada corpo reage de uma forma e isso não depende do seu condicionamento físico. Caso você já saiba que tem aclimatação mais lenta, é recomendável passar o primeiro dia caminhando apenas pela cidade.

Dia 1: Laguna Wilcacocha, com altitude máxima de 3.800 metros. Não é um lago bonito, mas a vista para as montanhas do Parque Nacional Huscarán é bonita e, mais importante, é um local de fácil acesso para o primeiro ou segundo dia de aclimatação. A van sai da Av. Antonio Raymondi, quase na esquina com a Jr. Hualcan. No Google Maps, busque por Colectivo to Laguna Wilcacocha. Clique para baixar o tracklog no Wikiloc.

Dia 2: Ruínas de Willkawain e mirante da Laguna Radian, com altitude máxima de 3.900 metros. As ruínas são bem interessantes, mas o mirante para a laguna não é tão bonito, vale mesmo pela aclimatação. Caso queira chegar na Laguna Radian, é preciso pagar para os campesinos, mas vale dizer que o lago não é bonito como os lagos de altitude dos Andes. A van sai da esquina da 13 de Diciembre com Jr. Cajamarca. No Google Maps, busque por Paradero Wilcahuain. Clique para baixar o tracklog no Wikiloc.

Dia 3: Laguna Churup, com altitude máxima de 4.500 metros. A laguna é linda, com água cristalina e aos pés do Nevado Churup. A trilha até ela é razoavelmente íngreme e, se quiser aumentar um pouco o percurso, é possível subir até a Laguna Churupita. A van sai da Av. Agustín Gamarra, quase na esquina com a Antonio Raymondi. No Google Maps, busque por Paradero Pitek, Laguna Churup. Clique para baixar o tracklog no Wikiloc.

Outra opção é substituir duas caminhadas que citei acima pelas lagunas mais famosas e bonitas da região, mas para essas você vai precisar alugar um carro ou contratar um passeio com as agências, já que elas estão longe de Huaraz.

Laguna Parón: Dentre todos os locais citados nesse artigo, esse é o que tem acesso mais fácil, já que a van vai te deixar na beira do lago, a 4.206 metros de altitude. Mas se você vai madrugar e encarar as horas de estrada para chegar até a Parón, não deixe de subir até o mirante mais famoso, por uma trilha com 1,6 km (ida e volta) e elevação acumulada de 155 metros, chegando até 4.350 metros de altitude. Clique para baixar o tracklog no Wikiloc.

Laguna 69: A trilha desde o ponto de parada das vans até a beira do lago tem 14 km (ida e volta) e 860 metros de elevação acumulada, chegando a 4.627 metros de altitude. Se estiver se sentindo bem, recomendo que suba até o mirante, aumentando a trilha em 1 km (ida e volta) e subindo mais 96 metros, totalizando 15 km (ida e volta) com ascensão de 960 metros (ida e volta). Caso você vá com carro próprio, terá que deixá-lo no estacionamento da área de camping, então a caminhada terá 16,7 km (ida e volta) com elevação acumulada de 1.018 metros. Clique para baixar o tracklog no Wikiloc.

Ponto de início e como chegar

Com relação à exigência física, é um pouco mais fácil começar em Upis e terminar em Pacchanta, para não começar o circuito com uma longa subida justamente quando a mochila está mais pesada por causa da comida. Porém a diferença não é grande, o maior motivo de começar em Upis é pela logística do transporte, já que é muito mais fácil conseguir voltar para Tinke a partir de Pacchanta, que é uma vila com hospedagens e restaurantes, do que de Upis, que é apenas um acampamento onde não se consegue achar um transporte.

Estando em Cusco é preciso primeiro pegar um ônibus até Tinke (em alguns mapas a grafia está errada, marcando Tinki) na Av. Tomasa Ttito Condemayta, em frente ao Coliseo Cerrado/Casa de la Juventud. No Google Maps, busque por Paradero Ocongate. Ao chegar em Tinke, é preciso contratar uma moto-táxi até o Campamento Upis, o ponto fica bem perto da praça central, é só perguntar que todos conhecem. Como a estrada é ruim, carros não chegam até o fim da estrada de terra, apenas motos, e deixe claro que você quer ir até o CAMPAMENTO Upis, não para o PUEBLO Upis. Se você tem cara de estrangeiro, vão te cobrar 50 ou 60 soles pela moto. Se tem cara de peruano, vão te cobrar 20 soles, é o “imposto” extra-oficial para viajar pelo Peru, infelizmente.

Quando terminar a trilha em Pacchanta, você pode ficar por lá para descnsar nas águas termais ou pode procurar alguma van que tenha levado turistas para fazer o circuito das lagunas e para as termas. Caso não encontre nenhuma van, é possível voltar de táxi ou moto-táxi, mas a van é uma opção melhor por te levar direto para Cusco, evitando pegar o ônibus em Tinke.

Taxas

A Cordillera Vilcanota não pertence a nenhuma área protegida, mas em certos pontos os moradores cobram taxas pelo acampamento ou passagem. Como esse circuito é bem menos frequentado que Huayhuash, não é sempre que há pessoas fazendo a cobrança. Quando eu fiz o trekking, apenas na Laguna Huayhuash tive que pagar 10 soles (R$ 14,00 na época da minha viagem) para passar, sendo que se eu fosse dormir ali, seriam 20 soles (R$ 28,00). Em outros pontos, como na Comunidad de Upis e nas Águas Termales de Upis, não havia ninguém para cobrar, mas leve dinheiro para o caso de precisar pagar todas as taxas.

Guia

Não é obrigatória a contratação de guia para fazer as trilhas em Ausangate, mas é recomendado caso não seja um montanhista experiente. Eu fiz sozinho, mas se quiser contratar um, fale com Fredi Cruz Lumbe, telefone/WhatsApp +51 942 667 102, o Facebook é fredi.lumbe.31 e o Instagram é fredy_lumbe.

 

Tracklog para GPS

Clique aqui e baixe a trilha no Wikiloc

Roteiro

Abaixo está o roteiro que fiz, com uma alteração para deixá-lo mais interessante: em vez de seguir para o Campamento Pampacancha, depois do Paso Palomani eu fui para a Laguna 4900 e dormi em sua margem, reencontrando a trilha tradicional no dia seguinte.

Se você tem tempo e vontade, é possível desviar para a Montanha Colorida (Rainbow Mountain), um dos pontos turísticos mais famosos da região, aumentando em dois dias o circuito.

Dia 1: Upis – Campamento Pucacocha
Distância: 12,5 km
Elevação acumulada: 553 m
Descida acumulada: 398 m
Altitude mínima: 4.434 m
Altitude máxima: 4.735 m

Logo no início há o Campamento Upis e suas águas termais, então se você gosta de termas, pode vir um dia antes, tomar banho e passar a noite.

Apenas 1,5 km depois do início há uma trilha lateral que leva até a Laguna Upis, que costuma estar congelada no início da manhã. Depois há uma subida longa, mas com pouca inclinação. Não é um dia desgastante e até é possível seguir em frente, mas a área de camping da Laguna Pucacocha é tão boa que recomendo que durma nela.

Dia 2: Campamento Pucacocha – Laguna 4900
Distância: 12,2 km
Elevação acumulada: 872 m
Descida acumulada: 635 m
Altitude mínima: 4.597 m
Altitude máxima: 5.092 m

Apesar de ter o nome do circuito, a Laguna Ausangate não se destaca mais que as outras e, na minha opinião, é menos bonita que várias outras lagunas do circuito, então não siga até ela pensando que estará em um local mais bonito que a Laguna Pucacocha. A área de camping possui banheiros, mas eu acho melhor seguir em frente e encarar a pior subida do circuito, que leva ao Paso (Abra) Palomani. Apesar de ser a subida mais difícil, não é muito exigente, esse circuito não tem subidas realmente desafiadoras.

Quando estiver no Paso Palomani, se você seguir a trilha bem demarcada, chegará no vale e na área de camping Pampacancha, mas se quiser fazer camping selvagem e dormir em um lugar bem mais alto, siga para a Laguna 4900, porém só faça isso se estiver com um ótimo saco de dormir, já que eu peguei 10 graus negativos nesse ponto, que fica a quase 5 mil metros de altitude.

Clique para abrir uma foto em 360 graus feita no Paso Palomani, a 5.085 metros de altitude, com vista para a Laguna Ausangate, Nevado Ausangate, Nevado Mariposa e Valle Machuracay

Clique para abrir uma foto em 360 graus feita no Valle Machuracay, com vista para os Nevados Ausangate e Mariposa

Dia 3: Laguna 4900 – Campamento Otorongo
Distância: 15,3 km
Elevação acumulada: 535 m
Descida acumulada: 735 m
Altitude mínima: 4.613 m
Altitude máxima: 5.078 m

Depois de uma longa descida você chegará a um vale, onde encontrará novamente a trilha tradicional. Após caminhar alguns quilômetros pelo vale, terá a única subida do dia, que leva ao Paso (Abra) Khampa, que é bonito mas nem tanto como o Paso Palomani. Essa foi a última subida do circuito e cabe a você decidir em qual ponto irá acampar ou se seguirá direto até Pacchanta, uma caminhada longa, mas fácil, já que vai andar sempre no plano ou em descidas de pouca inclinação. São 3 bons pontos de camping:
-Jhampa, que não tem um belo lago por perto;
-Otorongo, com belos lagos ao redor;
-Azulcocha, junto da laguna e último ponto de camping oficial.

Dia 4: Campamento Otorongo – Pacchanta
Distância: 7,3 km
Elevação acumulada: 68 m
Descida acumulada: 350 m
Altitude mínima: 4.380 m
Altitude máxima: 4.674 m

O último dia é bem fácil, com pouca distância e sem subidas, então você pode aproveitar para visitar todas as lagunas da região e ainda terá tempo de conhecer as termas em Pacchanta antes de procurar uma van ou táxi para te levar de volta a Cusco.

Há dois caminhos que descem para Pacchanta, vá pelo que passa pelas lagunas Uturunku, que são lindíssimas.

Fique de olho nas viscachas, um roedor muito arisco e rápido, que se parece com um coelho mas que tem o rabo bem comprido.

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