Conheça o livro "As Mais Belas Trilhas da Patagônia"
Torres del Paine, El Chaltén, Bariloche, Ushuaia, Villarrica, Cerro Castillo, Dientes de Navarino e Parque Patagonia
Os Mais Belos Trekkings do Peru – Relato de viagem
Este é o relato de uma viagem de dois meses pelo Peru, com o objetivo de fotografar os mais belos trekkings do país. A escolha das trilhas foi feita depois de muita pesquisa e, como toda lista que envolve uma classificação por beleza, ela é subjetiva. Os três circuitos escolhidos se destacaram não só pela quantidade de paisagens lindíssimas, mas também por poderem ser percorridos de modo autônomo, sem a obrigatoriedade da contratação de guias ou de fazer reservas em acampamentos, o que retira a liberdade de poder andar o quanto se quer a cada dia.
Se quiser ver as páginas com dicas para fazer essas trilhas, os links estão abaixo:
Mapa dos locais visitados

Em laranja estão os caminhos feitos de ônibus ou van, totalizando 3.500 km. Em rosa estão os trekkings, com um total de 400 km. Em verde está a navegação no Titicaca, que teve 95 km.
Dias 01 a 03 - 20 a 22/06/2022 - Lima
Dia 01 – 20/06/2022
O primeiro dia de viagem foi apenas de deslocamento com o voo São Paulo–Lima e a van até o hostel Tupac Amaru. O voo foi típico, com as pessoas lutando pelo espaço no compartimento de bagagens e uma criança chutando meu assento. Aguentei por mais de uma hora, achando que os pais em algum momento controlariam o filho, mas como não fizeram isso, me levantei e olhei para a mãe, o que foi suficiente para ela fazer a criança se comportar. Enquanto isso, o pai estava sempre tossindo e, muitas vezes, o imbecil retirava a máscara para tossir.
Quanto ao hostel, ele fica em um lugar feio de Lima, mas muito bem localizado para esta etapa da viagem, por estar entre o aeroporto e o terminal de ônibus que me levou até Huaraz. A localização, aliás, é a única qualidade do hostel, mas como isso era o mais importante, foi uma boa escolha.

Vista feia a partir da área de café-da-manhã do Tupac Hostel
Dia 02 – 21/06/2022
Depois de um simples café-da-manhã padrão dos hostels peruanos, com um pão que parece pão sírio, manteiga, geleia de morango, ovo frito ou mexido, chá e café, caminhei por um bairro feio até chegar no shopping Plaza Norte, para comprar um chip para o celular. Por mais estranho que seja, nenhuma das operadoras (Claro, Movistar, Entel e Bitel) aceitou meu RG como um documento válido. Ou seja, o RG me permite passar pela imigração, mas não permite a compra de um chip pré-pago. Mais uma das “burrocracias” latino-americanas… Mas não foi problema, porque fui caminhando até o centro histórico e, no caminho, haviam vendedores na rua e consegui um chip da Entel, registrado no nome do vendedor. O que eu não sabia é que a Entel tem cobertura bem ruim fora das grandes cidades, então recomendo que compre da Claro ou Movistar.
O centro histórico é bonito e aproveitei para trocar euros por soles na rua mesmo, já que em alguns pontos há pessoas com coletes que, supostamente, servem para identificar quem está autorizado a fazer câmbio. Dá um pouco de medo, assumo, mas não tive problema algum com notas falsificadas. O almoço foi no restaurante Toque Criollo, mas a comida não estava boa, fui enganado pelo belo ambiente e boa localização do restaurante. Não cometa o mesmo erro que eu, fuja do Toque Criollo.

Catedral de Lima

O centro histórico de Lima é considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e um dos motivos são os balcões em madeira, o elemento arquitetônico mais característico da cidade.

Um raro momento de sol em meio ao inverno peruano, quando Lima costuma ficar semanas seguidas com tempo nublado.

Dei a sorte de encontrar uma exposição com fotos lindas feitas por Miguel Mejía Castro de uma peregrinação feita anualmente ao Ausangate, que é o destino do meu terceiro trekking.
Depois do centro, caminhei até o Parque de la Reserva, que abriga o Circuito Mágico del Agua, um conjunto com diversas fontes e que, no fim do dia, tem apresentações multimídias. Interessante, mas não é imperdível como dizem alguns sites, vá apenas se estiver com tempo sobrando.

Túnel de água do Circuito Mágico del Agua

O fim do dia é quando o parque fica mais cheio, por causa de duas apresentações multimídia.

A projeção feita na coluna de água mostra diversos elementos da cultura e história peruana.
Voltei para o hostel com um Uber, mas por um erro do mapa do Uber, ele me deixou a uns 700 metros do hostel e eu só percebi quando o carro já havia partido. A distância não é grande, mas o bairro dava medo, ainda mais depois que os peruanos disseram que eu não deveria ter andado de lá até o shopping Plaza Norte pois havia perigo de assalto. Bom, se falaram que aquela região é perigosa de dia, fiquei imaginando quão perigosa seria de noite e tratei de andar bem rápido até o hostel.
Dia 03 – 22/06/2022
Depois do café, chamei um Uber para ir até o terminal de ônibus Plaza Norte e, outra vez, o mapa do Uber estava errado. Só que agora vimos o erro antes de eu sair do carro e ele me levou até o ponto certo.
O ônibus da Cruz del Sur é bem confortável e saiu no horário. A paisagem litorânea é bastante feia, totalmente desértica, com muito lixo e alguns casebres abandonados, mas eu não fui pro Peru pra ver praias, fui pra ver montanhas e, assim que o ônibus subiu os Andes, o visual ficou lindo, com lagos e montanhas nevadas. Outra diferença é que, no inverno, o litoral está sempre nublado, enquanto nos Andes faz sol quase todos os dias.
Ao sair do terminal de ônibus em Huaraz, os taxistas fizeram um corredor e ficavam oferecendo o serviço superfaturado para quem passava. Eu ignorei os primeiros, depois veio um e me disse que cobraria 20 soles. Recusei, então veio outro e ofereceu 15 soles, mas então o primeiro taxista o empurrou e eu fiquei só imaginando se os dois brigariam ali mesmo. Continuei andando e recebi uma oferta por 10 soles, que então aceitei.
Ao chegar no Lhotse Hostel, me deram um upgrade e fiquei em um quarto bem espaçoso, na parte mais silenciosa do hotel, que havia sido um pedido meu.
O primeiro jantar em Huaraz foi no restaurante Jama, que tem boas avaliações no TripAdvisor. Ao contrário do almoço em Lima, que foi ruim, comi uma truta com quinoa cremosa que estava sensacional!

Truta com quinoa cremosa do restaurante Jama, em Huaraz, a melhor comida de toda a viagem.
Dias 04 a 06 - 23 a 25/06/2022 - Aclimatação em Huaraz
Dia 04 – 23/06/2022
Como eu moro ao nível do mar e as trilhas que escolhi ficam em grandes altitudes, tive que fazer uma boa aclimatação, com trilhas leves até meu corpo estar preparado para enfrentar o ar rarefeito. Como Huaraz fica a 3 mil metros de altitude, a aclimatação começa só de se estar na cidade, mas o ideal é subir algumas centenas de metros durante o dia e voltar para dormir na cidade, permitindo que o corpo se adapte e descanse durante a noite.

Essa é a primeira van que peguei e foi interessante ver as mulheres com suas roupas típicas. Já o pneu furado não foi tão interessante, mas como não tinha pressa, tanto faz.
Hoje subi de van até o sítio arqueológico Willkawain, que é muito bonito e tem construções com mais de mil anos!

Conjunto funerário de Ichic Willkawain

Dentro de uma das construções de Willkawain

Garrafa de cerâmica com aproximadamente mil anos!
Depois de conhecer tudo e ver que estava apenas 350 metros mais alto que Huaraz, peguei a trilha para a Laguna Radian e subi mais 450 metros, até um campesino me falar que, se quisesse seguir em frente, teria que pagá-lo porque as terras não são públicas. Não sabia se ele estava falando a verdade, então olhei a imagem de satélite dessa laguna e vi que é um laguinho sem graça, longe de montanhas, e resolvi voltar dali mesmo, já havia feito uma boa aclimatação, subindo 800 metros.

Huaraz vista da trilha para a Laguna Radian, que não recomendo fazer, a não ser que seja exclusivamente pela aclimatação.
Almocei dois filés de frango acompanhados por espaguete ao pesto e salada de palta (abacate) no restaurante J.E.S. por 12 soles, que são apenas 17 reais. Barato e muito gostoso! Depois encontrei com o guia Fredi Cruz Lumbe, que me passou dicas excelentes sobre os três circuitos. Aliás, se você quiser contratar um guia, entre em contato com ele.

Recebendo dicas ótimas do guia Fredi Cruz Lumbe
De noite, medi novamente minha saturação de oxigênio no sangue e ela já estava bem melhor. Quando cheguei em Huaraz, 36 horas antes, marcava 88%; nessa noite, marcou 93%.
Dia 05 – 24/06/2022
Pelo segundo dia seguido, acordei às 05:30 e não consegui voltar a dormir. Não sei se foi pela altitude, por ansiedade para iniciar logo o Circuito Alpamayo ou se simplesmente ainda não me adaptei ao fuso horário peruano. Como não há padarias abertas nesse horário, fiquei jogando xadrez até as 07:30, quando começa o café-da-manhã do hostel.
Para o segundo dia de aclimatação, escolhi ir a Laguna Wilcacocha. Peguei a van que me deixaria no início da trilha e, novamente, estava cheia de gente e com as janelas fechadas, sendo que nem fazia muito frio. Será que eu sou paranoico ou os outros que não percebem o risco disso?
A trilha tem 8 km (ida e volta) e ascensão de quase 600 metros. Ainda bem que é uma trilha ótima para aclimatação, porque o lago não é bonito, apenas a vista para as montanhas detrás de Huaraz é que valem a pena, mas como hoje estava nublado, não consegui vê-las bem.

Essa é a Laguna Wilcacocha, nada diferente de um laguinho em uma fazenda qualquer do Brasil, mas o que importa é a aclimatação.

Ao fundo está o Parque Nacional Huascarán. Em um dia de céu claro, a vista deve ser muito bonita.
Depois de 1,5 hora parado na beira do lago, deixando meu corpo se aclimatar, voltei para Huaraz ainda em tempo de comer um ótimo bistec a lo pobre (bife, batata frita, salada, banana frita, arroz e ovo frito) no Mamma Mia por apenas 16 soles (R$ 22,40), estou adorando o sabor e o preço da comida nessa cidade.

Um prato desses depois da trilha é tudo que eu quero. Melhor ainda, sendo por apenas 22 reais.
Novamente, fui em busca do lugar de onde sairia a van no dia seguinte e, outra vez, recebi informações conflitantes. Tinha gente que dizia que não há van até Pitec, tinha gente que dizia que teria que ir até uma vila e, lá, pegar outra van, e tinha quem dizia que existe, mas davam localizações diferentes para o ponto de saída. Teve uma pessoa que disse “é nessa rua mesmo, uns 5 quarteirões para lá, a van fica na frente de uma casa vermelha”. Não entendo qual é a dificuldade em colocar uma placa na frente da tal casa vermelha, com o destino da van e os horários de saída, fico imaginando um europeu que não fale bem espanhol, como deve sofrer para conseguir informações.

Pôr do sol na Plaza de Armas de Huaraz.
Nessa noite minha oxigenação subiu para 94%, um pouco melhor que a noite anterior.
Dia 06 – 25/06/2022
No terceiro e último dia de aclimatação, decidi ir para a Laguna Churup, uma caminhada que eu sabia que seria um pouco mais longa e com mais elevação. Cheguei no ponto da van às 06:10, mas como as vans só saem quando estão cheias, fiquei uma hora e meia sentado, esperando até que todos os assentos estivessem ocupados.
Mesmo estando um pouco nublado e com nuvens cobrindo o topo das montanhas, a Laguna Churup é lindíssima e, enquanto estava lá, conheci um grupo de colombianos (três mulheres e dois homens) que, amanhã, vão participar de uma corrida de montanha. Se já é difícil caminhar morro acima a 4.500 m, fico imaginando como deve ser difícil correr nessa altitude.

Trilha para a Laguna Churup.

Mais um dia com clima meio encoberto, o que não é normal para essa região em junho, mas o visual é bonito de qualquer forma.

Laguna Churup, a 4.450 m de altitude.

Depois de algumas horas, o Nevado Churup apareceu brevemente em meio às nuvens.
Depois conheci um brasileiro, conversamos por um tempo, fizemos a descida juntos e, na van de volta a Huaraz, comentamos sobre como dirigem muitos peruanos: buzinando a todo momento, bem acima do limite de velocidade e, pior de tudo, ultrapassando em curvas, sem visibilidade alguma dos veículos no sentido contrário. Aliás, todos os estrangeiros com quem conversei sobre isso até o fim da viagem estavam assustados com o modo de dirigir de boa parte dos peruanos, então não foi só uma impressão nossa.
O jantar foi no restaurante Manka, onde comi uma lasanha com lomo saltado que estava boa, mas a minha é melhor.
Dia 07 - 26/06/2022 - Circuito Alpamayo, dia 1

Mapa do Circuito Alpamayo: cada dia de caminhada está com uma cor. No total, foram 128 km em 8 dias, com elevação acumulada de 7.700 m.
Finalmente chegou o primeiro dia do Circuito Alpamayo, mas antes precisei pegar duas vans e, novamente, morri de medo ao ver o motorista ultrapassando nas curvas, sem visibilidade alguma. O que me impressionou ainda mais que isso é que os outros passageiros não se abalam, acham que está tudo normal.
A caminhada de Cashapampa, vila de onde iniciei o circuito, até o acampamento Llamacorral, tem 10 km e ascensão de 900 metros. Mesmo andando quase todo o tempo para cima, a subida não é íngreme e foi mais fácil do que pensei. O caminho é bonito, quase todo o tempo dentro de um cânion, com inúmeras corredeiras e cachoeiras.

No primeiro dia, a trilha segue quase todo o tempo por dentro de um cânion.

Uma das muitas cachoeiras do Valle Santa Cruz. Eu estou em frente à cachoeira apenas para dar noção de tamanho, não é preciso atravessar o rio em nenhum momento.
Depois de um tempo no acampamento, vi que havia perdido o gorro e resolvi perguntar para as outras pessoas, se alguém o havia encontrado na trilha. A conversa que tive com a primeira pessoa foi assim:
-Perdi um gorro na trilha, por acaso você o encontrou?
-Sim, eu encontrei seu gorro.
Então eu pensei “Caramba, a primeira pessoa que abordo encontrou meu gorro, que sorte!”
-O gorro está com você?
-Não, eu coloquei ao lado da trilha, em cima de uma pedra.
“Porra, de que adianta colocar ao lado da trilha”, eu pensei, mas tentei conter minha cara de decepção e perguntei:
-Está longe?
-No mínimo uma hora descendo a trilha.
-Ok, obrigado.
Ainda perguntei para as outras pessoas, já que alguma poderia ter pensando um pouco mais que ele e ter trazido o gorro até o acampamento, mas ninguém o viu… Afinal, o sujeito não trouxe o gorro e ainda o tirou da vista de quem passa.
Esse é meu primeiro acampamento no Peru e espero que os outros não sejam assim sujos, já que há muito lixo e, também, muito cocô dos burros que carregam os equipamentos dos trilheiros e escaladores. Por algum motivo que não conheço, eles deixam os burros junto das barracas, em vez de separar um lugar só para eles.

As barracas grandes são os refeitórios ou cozinhas dos grupos que levam os turistas para a trilha. Nos dois acampamentos em que dormi e que fazem parte da Santa Cruz Trek, eu era o único trilheiro que não fazia parte de algum grupo.

Burros soltos na área das barracas, que estava toda suja pelos burros ou por lixo dos humanos mesmo.
Dia 08 - 27/06/2022 - Circuito Alpamayo, dia 2
A temperatura mínima dessa noite foi de dois graus negativos e, mesmo acordando diversas vezes, até que dormi bem.
A subida até o campo base sul do Alpamayo não é muito pesada mas, mesmo assim, fiquei exausto, provavelmente por causa da altitude e da noite mal dormida. Chegando no acampamento, ainda resolvi subir um pouco mais, até a Laguna Arhuaycocha, e a vista é simplesmente sensacional, pois além da linda laguna e sua geleira, também se vê o Alpamayo e o Artesonraju.

Arriero com seu cavalo, burro e cachorro no Valle Santa Cruz

Alpamayo visto da trilha que vai até o campo base.

Alpamayo visto da trilha que vai até o campo base.

Artesonraju (à direita) visto da trilha que vai até o campo base do Alpamayo.

Se o Artesonraju te parece familiar, é porque ele serviu de inspiração para o logo da Paramount Pictures.

Clique para abrir uma foto em 360 graus feita no mirante da Laguna Arhuaycocha. Depois de aberta, gire a foto para todos os lados.

Fotografando a Laguna Arhuaycocha. Como sempre me perguntam como faço as fotos em que apareço, é que eu ando com tripé e duas câmeras.

A linda Laguna Arhuaycocha e a montanha Ririjirca ao fundo.

Descansando com vista para o Artesonraju.
Dia 09 - 28/06/2022 - Circuito Alpamayo, dia 3
Acordei às duas da madrugada e não consegui mais dormir, noite péssima, com cinco graus negativos.
Demorei para começar a caminhar, já que o trajeto de hoje seria bem curto, mas, ainda assim, cheguei muito cedo no acampamento que havia planejado ficar e resolvi seguir em frente.
A subida do Paso Punta Unión me cansou bastante, não sei se por causa da altitude ou por ter dormido muito mal. Resolvi parar no Campamento Tuctupampa, que já não faz parte da famosa Santa Cruz Trek, então estava sozinho.

Partindo do Campamento Base Alpamayo com Artesonraju ao fundo.

Valle Santa Cruz.

Fazendo um lanche no Campamento Taullipampa com o Taulliraju ao fundo. O guia Fredi Cruz me recomendou dormir aqui pois disse que o pôr do sol é lindo, mas eu cheguei muito cedo e, quando faço trilhas sozinho, gosto de estar em movimento, então segui em frente.

Taulliraju.

Taulliraju visto do alto do Paso Punta Unión.

Vista para o outro lado do Paso Punta Unión, que é bonita mas passa longe de ter a beleza impressionante que se tem do outro lado do Paso. Nesse dia, acampei abaixo da última lagoa, em um vale que já não faz parte da Santa Cruz Trek.
Dia 10 - 29/06/2022 - Circuito Alpamayo, dia 4
Noite com seis graus negativos e passei um pouco de frio, mesmo usando o liner junto com o saco de dormir.
Hoje a caminhada não foi tão bonita como nos dois dias anteriores, mas teve seus pontos interessantes.

Alto de Pucaraju, a vista mais bonita do dia.

Laguna Huecrococha.

Flor de cactus.

Encontrei diversos tipos de flores e gostaria de ter a lente macro para poder fotografá-las melhor.
Na descida para Jancapampa, passei por diversas chácaras que estavam queimando folhas, o que me fez tossir bastante. Em vez de acampar, aproveitei que estava no único vilarejo do circuito para comprar algumas bolachas e aluguei um quarto que ainda está em construção, portanto bastante sujo, mas vai é bom dormir em uma cama. Antes disso, enquanto eu observava as crianças jogarem bola, o dono da venda me deu um prato cheio de mandioca cozida, que estava uma delícia. Desde que passei pelas chácaras, comecei a tossir muito e, no dia, eu pensava que fosse pela fumaça e por toda a poeira no quarto, mas depois de vários dias, descobri que eram os primeiros sintomas da COVID, que transformou os dia seguintes em um inferno.

Quarto em construção onde dormi em Jancapampa. Ruim, mas foi bom estar em uma cama em vez da barraca.
Dia 11 - 30/06/2022 - Circuito Alpamayo, dia 5
A mínima dessa noite foi de 0 grau, bem mais quente que as noites anteriores, e dormi muito bem.
Acordei com um pouco de dor de garganta, que pode ter sido por causa de toda a poeira ou pela COVID, mas depois que comecei a caminhar e respirei ar puro, a dor passou.
A trilha de hoje foi a coisa mais cansativa que já fiz, estava absolutamente exausto e pensava que era por ter que carregar 20 kg nas costas e subir montanhas com 5 mil metros, mas na realidade é que a COVID estava causando isso, junto com a altitude e o esforço, claro.
As paisagens mais bonitas de hoje estavam logo no início, ao sair de Jancapampa, é um trecho em que as paisagens não compensam o esforço.

A paisagem mais bonita do dia estava logo no começo da caminhada, ainda em Jancapampa.

Uma das amizades que fiz nas montanhas peruanas.

Será que nasceu torto ou quebrou em uma briga?

Eu já estava completamente exausto e, quando dei de cara com essa subida, só queria deitar na grama e dormir, mas tinha que seguir em frente senão nunca terminaria a trilha.
Dia 12 - 01/07/2022 - Circuito Alpamayo, dia 6
Tinha planejado fazer a trilha bate-volta para a Laguna Safuna antes de seguir para Jancarurish, mas ao vê-la de longe, mudei de ideia, não parecia valer o esforço e, além disso, a luz boa seria de tarde, então eu teria que passar mais um dia aqui.
A travessia dos Pasos Mesapata e Caracara foram extremamente cansativas, mas consegui chegar no meio da tarde ao acampamento Jancarurish. Como a luz estava bonita, resolvi subir um morro para ter vista do Alpamayo e da laguna abaixo dele, mas não há trilha e esse morro é bem inclinado, com alguns trechos de 60 graus, o que não permitia nenhum erro, já que seria uma queda de 200 ou 300 metros.

Quebrada Alpamayo vista do Paso Caracara.

Descida do Paso Caracara.

Alpamayo e Laguna Jancarurish.

Um belo lugar para passar o fim da tarde tossindo e apreciando a vista do Alpamayo.
Dia 13 - 02/07/2022 - Circuito Alpamayo, dia 7
Outra noite praticamente sem dormir e, pela primeira vez, pensei se deveria chamar um resgate, já que tinha extrema dificuldade em subir qualquer morrinho de 100 metros de elevação, quanto mais atravessar as montanhas andinas. Minha vontade era de deitar no meio da trilha e dormir, mas tinha que seguir em frente, mesmo que com passos de tartaruga.
Não sabia se era porque tinha dormido duas horas por noite, se era porque quase não conseguia comer ou se era cansaço acumulado, mas sei que nunca me senti tão exausto como nesses dias e, para piorar, estava tossindo e expelindo catarro verde, o que mostrava que tinha uma infecção no pulmão. Não me lembrava se isso poderia ser causado por mal de altitude e lá, sem internet, não tinha como pesquisar. Só sabia que precisava descer o quanto antes e, felizmente, no dia seguinte teria uma descida de uns 1.500 metros e, depois, só teria que arrumar transporte até Huaraz, onde teria suporte de médicos, se não melhorasse.
Acampei na beira da linda Laguna Cullicocha, com vista para o Santa Cruz, que com 6.259 metros, é a montanha mais alta da região.

Parei para dar passagem para as ovelhas e aproveitei para descansar, já que até uma subida fácil como essa me deixava exausto por causa da COVID.

Descida para a Laguna Cullicocha.

Pôr do sol iluminando a montanha Santa Cruz.
Dia 14 - 03/07/2022 - Circuito Alpamayo, dia 8
Saí logo cedo para encarar a longa descida de 1.500 metros até Hualcayan e, no caminho, encontrei 4 pessoas que estavam fazendo a trilha no sentido contrário. Desde o momento em que saí da Santa Cruz Trek, no total vi 5 pessoas fazendo a trilha Los Cedros, um contraste enorme com a Santa Cruz e seus muitos grupos de trilheiros com guias, mulas e arrieros (pessoa que leva as mulas).

Amanhecer na Laguna Cullicocha.

Amanhecer na Laguna Cullicocha.
Ao chegar na vila, saí perguntando sobre táxis, já que não há transporte regular até Caraz, e um morador disse que me levaria por 100 soles (140 reais), um preço excelente.
Em Huaraz, fui para o mesmo hotel em que fiquei da primeira vez, tomei um bom banho, comi e desabei na cama.

Eu não estava com muita vontade de comer o cuy (porquinho-da-índia), mas como é um prato bem típico, resolvi experimentar e, como imaginei, é apenas pele e osso.
Dias 15 a 22 - 04 a 11/07/2022 - Com COVID em Huaraz
Dia 15 – 04/07/2022
Dormi razoavelmente bem mas, ao acordar, vi que havia sangue no catarro que estava expelindo, então fui direto para o hospital, de onde me mandaram para uma tenda que fica em uma praça para ser testado para COVID, que deu positivo.
Com a recomendação de ficar uns dias isolado, por sorte alguns restaurantes faziam delivery, me deram um quarto maior no hostel e, hoje em dia, com o celular consigo ler livros, ver filmes e jogar xadrez, então o tempo até passou rapidamente .
Dia 16 – 05/07/2022
Passei outro dia no quarto com o celular na mão, dormindo, comendo e tossindo.
Pensei em ir a um pneumologista, mas antes teria que passar em um clínico geral, então deixei para o dia seguinte, se não melhorasse.
Dia 17 – 06/07/2022
Como continuava tossindo bastante e com um pouco de sangue, fui em uma clínica, fiz raio-x do pulmão, me deram um antibiótico via oral e penicilina injetável (Benzetacil), além de dois remédios para ajudar na expectoração.
Dia 18 – 07/07/2022
Nesse dia já me senti um pouquinho melhor, parece que os remédios fizeram efeito.
Dia 19 – 08/07/2022
Nada digno de comentar, além de que continuava melhorando.
Dia 20 – 09/07/2022
Last day of isolation, so I went in search of a new test, which was negative and I could resume the trip, even with some restrictions. Para comemorar, comi um excelente chicharrón (porco frito) na Chicharronería San Francisco, um restaurante frequentado apenas pelos peruanos.

Hora de comer bem e comer muito, para tentar recuperar os 5 kg que perdi na trilha com a COVID. Esse é o chicharrón de chancho, prato típico peruano.
Dia 21 – 10/07/2022
Me sentia bem, apesar de ainda ter tosse, que eu sabia que ficaria comigo por um bom tempo. Para me testar, caminhei até o Mirador Rataquenua e foi tudo tranquilo, apesar de ainda me sentir fraco. De qualquer forma, já pude começar a planejar o Circuito Huayhuash, se não tivesse uma recaída por causa do esforço da caminhada.

Huaraz vista do Mirador Rataquenua.
Depois da caminhada, fui almoçar com a Daniela, uma chilena que conheci através de uma amiga e está passando um mês em Huaraz.

Com dois pratos assim por dia, tinha que recuperar meu peso.
Dia 22 – 11/07/2022
Dia dedicado apenas para descansar, comer bem e comprar as comidas que precisava para o Circuito Huayhuash.

Última boa refeição antes da trilha.
Mesmo me sentindo cada dia melhor, mas não nego que estava ansioso por não saber como o corpo reagiria por colocar a cargueira nas costas e andar horas e horas. Na primeira vez que tive COVID, ainda antes de ser decretada a pandemia, fiquei com uma infecção no pulmão por 6 meses e só descobri porque, quando eu fazia um esforço físico maior, ficava com leve febre, apesar de me sentir perfeito quando não fazia exercícios fortes. Enfim, só testando para descobrir.
Dia 23 - 12/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 1

Mapa da Via Alpina do Circuito Huayhuash. Foram 7 dias de caminhada, com 87 km de distância e 5.635 m de elevação acumulada.
No ônibus para Chiquián havia um homem tossindo demais, o que me deixou preocupado novamente. Afinal, acabei de ter COVID e devo estar com ótima imunidade, mas não dá pra não ficar com medo de ter outra vez durante outra trilha. Ou, mesmo que não seja COVID, uma gripe não ajudaria em nada a caminhar por montanhas íngremes.
Ao chegar em Chiquián, o dono de uma van se ofereceu para me levar até o início da trilha por 200 soles (R$ 280,00) e eu recusei. Fui até um restaurante para usar o banheiro e, lá, vi meia dúzia de estrangeiros que pareciam ser uma família. Me apresentei, expliquei que estava indo pra Huayhuash e eles disseram que também começariam a trilha hoje e que, se o dono da van que eles alugaram deixasse, poderia ir com eles. Então, conversei com o motorista, que me cobrou 50 soles, que sorte!

Chiquián, ponto final do ônibus e onde é necessário encontrar transporte até o início da trilha.
A família é de Banff, no Canadá, são muito simpáticos e, assim como eu, farão o circuito alpino por conta própria, sem agência.
A estrada de terra que leva até a trilha foi ficando cada vez mais bonita e, em Llamac, aconteceu a primeira cobrança a troco de nada, já que tivemos que pagar 50 soles (R$ 70,00) pra passar pela vila. Depois, em Pocpa, uma cobrança de 20 soles (R$ 28,00) pra passar.
Nota posterior: depois que ocorreram alguns assaltos a turistas há alguns anos, inclusive com uma morte, os moradores passaram a cobrar uma taxa e, a partir daí, não aconteceram mais roubos. Tem gente que diz que é uma forma de distribuição de renda para os moradores, mas na minha visão isso é extorsão, já que eles estão me protegendo deles mesmos. Também não se deve comparar isso com os pedágios nas rodovias, já que em troca do pedágio há a manutenção da estrada. Aqui eles não oferecem nada em troca, é o mesmo que eu me juntar com outros moradores de São Sebastião e passarmos a exigir que os turistas nos paguem para passar pela Rio-Santos.
Quando saímos da van, vieram dois campesinos, começamos a conversar e um deles disse, de maneira educada, que deveríamos pagar 50 soles. Daí o outro disse, de modo agressivo, que pra ele seriam 20 soles. Eu não entendi muito bem que cobrança era aquela, mas tanto eu quanto os canadenses, pagamos. Então, quando ele me entrega o comprovante do pagamento (aqui a extorsão tem recibo), eu vejo que era a cobrança de Llamac, então disse que já havíamos pago, mostrei os recibos e nos devolveram o dinheiro. Minha impressão é que fazem a cobrança dupla e, se a pessoa não perceber, azar dela. Afinal, se fossem honestos, antes de cobrar teriam nos perguntado se já havíamos pagado quando passamos pela guarita que há em ambas as vilas.
A trilha começa com uma subida de uns 500 metros e eu me senti muito bem, foi um alívio.

A trilha começa no fundo desse vale.

Vista para o outro lado do vale. Essa estrada também pode ser usada para o início da trilha, com acesso pela vila de Baños, muito mais longe de Huaraz.

Linda montanha colorida logo no início do circuito.

Campamento Janca, o ponto oficial de camping dessa região.
Ao chegar no acampamento, há uma nova cobrança de 20 soles (R$ 28,00), mas essa ao menos tem a justificativa da manutenção do camping, o que é justo. Oficialmente não é permitido acampar perto da Laguna Mitococha, mas conversei com o senhor que cobrava o pagamento e ele disse que, como eu e os canadenses faríamos a via alpina e não estávamos com burros, poderíamos acampar junto ao lago.
Infelizmente, o dia está nublado e as montanhas, encobertas, porque a vista desse acampamento deve ser incrível.
Dia 24 - 13/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 2
Acordei várias vezes mas, no geral, dormi bem. Quando acordava, olhava para fora pra ver se daria pra fotografar, mas estava sempre nublado.

Antes de começar a caminhar, por breves segundos consegui ver uma das montanhas atrás da Laguna Mitococha.
Em vez de pegar a subida do circuito alpino, resolvi subir o morro em frente à laguna, para encontrar a trilha na crista, mas me arrependi porque a subida era muito íngreme e com trechos de terra fofa e pedras soltas, em que a caminhada não rendia.

Ao menos as nuvens me deixaram ver essa montanha colorida.
No final da trilha, antes da descida final para a Laguna Carhuacocha, fui até o espetacular mirante que fica em frente às montanhas, com vista para as 3 Lagunas, para as montanhas e a área de camping. Infelizmente as nuvens cobriam as montanhas, mas fiquei um bom tempo por lá, na esperança de que abrisse em algum momento. Não abriu e, quando o grupo que estava perto começou a descer, resolvi sair também para ver o caminho, que nesse trecho não é bem marcado e a descida é muito íngreme, com trechos escorregadios pela terra fofa e capim. Fiquei bem preocupado em alguns momentos, pois um pequeno escorregão resultaria em morte ou ao menos em muitos ossos quebrados, não entendi porque descer por ali, em vez de voltar 1 ou 2 km e descer caminhando em segurança. Aliás, no dia seguinte, conheci as pessoas desse grupo e elas também estavam assustadas com a descida e não entenderam porque o guia as levou por ali.

Esse mirante tem a vista oposta ao famoso Mirador Tres Lagunas.

Passei horas no mirante esperando o tempo melhorar, o que não aconteceu até que eu já estava na parte baixa da trilha.

Pôr-do-sol em um dos acampamentos à beira da Laguna Carhuacocha.

Pôr-do-sol em um dos acampamentos à beira da Laguna Carhuacocha.
No acampamento, que custa 40 soles (R$ 56,00), conheci o Arkraitz, um espanhol que também estava fazendo o circuito de forma independente. Conversamos um bom tempo e, depois de fazer umas fotos noturnas, fui dormir com a esperança de ter sol no terceiro dia, já que os dois primeiros não renderam boas fotos.

Estrelas e luar no Campamento Incahuain.
Dia 25 - 14/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 3
Noite com 5 graus negativos, mas dormi bem.
Fiz novas fotos ao amanhecer, ainda com a lua no céu, e saí na direção do Mirador Tres Lagunas, quando tive a surpresa de uma nova cobrança, essa no valor de 30 soles (R$ 42,00), apenas para passar pela trilha. Pelo visto, a cada ano inventam uma nova cobrança, nem imagino quanto vai custar para fazer esse circuito daqui uns 10 anos.

Lua cheia se pondo atrás da Cordillera Huayhuash.
A caminhada hoje foi sensacional, com mirantes inesquecíveis e muito sol. Quando eu estava começando a subida para o Mirador Tres Lagunas, um israelense pediu para acompanhá-lo até o lago pois ele queria entrar na água, mas tinha medo do fundo ser de lodo e ele ficar preso. Eu deveria ter dito que não iria, afinal eu queria fazer as fotos do mirante, sem contar que é ridículo ele ter medo de ficar preso no lodo, mas fui mesmo assim.

Clique para abrir uma foto em 360 graus feita no Mirador Gangrajanca. Depois de aberta, gire a foto para todos os lados.

Mirador Gangrajanca.
Depois, durante a subida pro mirante, começaram a aparecer nuvens e eu fiquei preocupado de perder a foto que tanto queria, então subi o mais rápido que pude e cheguei encharcado de suor, mas valeu a pena porque o dia continuava lindo. Lá, conheci dois grupos, conversei bastante com eles e, depois, quando estava no topo do Paso Siula, os guias da Nuestra Montaña me convidaram para comer com eles. A princípio eu recusei pois quem está pagando por essa comida são os clientes, mas como eu estava me dando bem com os clientes também, acabei comendo e estava delicioso.

Mirador Tres Lagunas.

Aproveitei que havia uma belga ali perto e pedi para ela posar para a foto.

Os guias Richard e Román, da Nuestra Montaña, me deram um delicioso prato de macarrão.
Pouco antes de chegar no Campamento Huayhuash (30 soles, R$ 43,00), encomendei com uma senhora um prato de batatas assadas e queijo, que ela levou até minha barraca no começo da noite. No acampamento, encontrei novamente a família canadense e conversamos bastante sobre os dois dias anteriores e os planos para os próximos dias.

Campamento Huayhuash.

Batata assada e queijo caseiro que encomendei com uma campesina.
Dia 26 - 15/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 4
Noite com 8 graus negativos e não dormi bem, mas não sei se foi pelo frio ou altitude. Além de não ter descansado, acordei um pouco ruim da barriga, que pode ser pela comida feita pela campesina ou pela altitude.
Antes mesmo de começar a caminhar já estava me sentindo fraco, mas não teria como ficar parado em um dia tão bonito. Além disso, a previsão do tempo dizia que um dia depois de passar pelo ponto mais difícil da trilha, haveria chuva/neve, então eu não queria me atrasar para atravessar o Paso Rasac com bom tempo.

Cachorros comendo um cavalo morto e ameaçando as pessoas que passavam.
Quando estava subindo o Paso Trapecio, encontrei o Arkraitz e caminhamos juntos até o cume, onde ficamos um bom tempo curtindo o visual. Depois ele seguiu direto para uma vila pois estava sentindo muito frio de noite e queria terminar mais cedo a trilha.

Trapecio.

Paso del Trapecio. Nesse ponto é possível atravessar pelo gelo, para chegar na Laguna Jurau, ou fazer um longo desvio para o Paso Santa Rosa, que foi a minha escolha para não perder a vista de lá.

Descida do Paso del Trapecio.

Paso Santa Rosa, um dos mirantes mais bonitos do Circuito Alpino (Via Alta)
Errei o caminho na busca pelo Paso Santa Rosa, o que aumentou meu desgaste pois essa subida e descida foram bastante difíceis. Já a vista do Paso é espetacular e, quando estava chegando na Laguna Jurau, encontrei a família de canadenses, que haviam atravessado o Glaciar Trapecio, e acampamos na beira da laguna. Agora não estou mais no Circuito Tradicional e aqui, na Via Alpina (também conhecida como Via Alta), quase não há gente pois os burros e os arrieros não chegam.
Dia 27 - 16/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 5
Temperatura mais confortável essa noite, com 2 negativos e, pela primeira vez, acordei e já estava claro, como foi bom passar a noite inteira dormindo.
Fui caminhando por dentro do vale, até que achei melhor procurar a trilha que tinha gravada no GPS, mas ela não existe mais; os deslizamentos de terra sumiram com o caminho, o que me atrasou bastante pois o terreno estava bastante instável.

Laguna Sarapocoha.

Laguna Sarapococha.
A vista do Paso Sejya é sensacional, talvez a mais bonita que tive até agora, então valeu todo o esforço.

Clique para abrir uma foto em 360 graus feita no Paso Sejya. Depois de aberta, gire a foto para os lados.

À direita, bem no fundo, fica o vale onde dormi essa noite e, à esquerda, fica o Paso Rasac, que preciso atravessar amanhã.

No alto do Paso Sejya.

Esse é o Paso Rasac visto do Paso Sejya.
Como os canadenses ficaram em um lago antes do Paso e o casal europeu desceu o vale pois não atravessariam o Paso Rasac no dia seguinte, tive a Laguna Caramarca só pra mim essa noite.

Laguna Caramarca, o acampamento mais bonito de todo o circuito.

Vista da barraca na Laguna Caramarca.
Dia 28 - 17/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 6
Fez 4 graus negativos nessa noite e dormi mal demais, mas acho que foi pela ansiedade de não saber se conseguiria atravessar o Paso Rasac ou se teria que dar uma volta que deixaria o circuito mais longo em três dias e que me obrigaria a racionar a comida.
Ao chegar na frente da geleira, vi diversas gretas (rachaduras no gelo que podem ficar cobertas de neve e, quando a pessoa pisa, cai na rachadura) mas, também, vi pegadas de uma pessoa, então resolvi pisar exatamente onde estavam as pegadas, pois ali eu sabia que não haveriam gretas. A dificuldade foi porque as pegadas eram de alguém usando crampons (peça de metal que se prende na sola da bota, para ter aderência ao gelo), coisa que eu não tinha, assim como também não tinha uma piqueta de gelo (equipamento parecido com uma pequena picareta que é usado para frear a descida, em caso de um escorregão).

Subida do Paso Rasac.
O começo da subida foi tranquilo, já que a inclinação não era grande e, cravando bem os bastões na neve, não havia perigo de escorregar. No meio da subida a inclinação foi aumentando e não havia mais neve, apenas gelo, o que dificultava a fixação dos bastões de caminhada. Já perto do fim, a inclinação ficou perigosa para quem não tinha crampons nem piqueta e resolvi fazer uma pequena escalada em rocha, na parede ao lado da geleira. Apanhei um pouco em um ponto, o que me deixou um pouco tenso, mas consegui terminar a ascensão.
Ao chegar no topo do Paso Rasac, fui logo olhar para o outro lado para ver o que teria que enfrentar e, para minha sorte, não havia muito gelo, apenas uma longa descida com pedras grandes e soltas, além de haver poucos sinais de trilha, já que os deslizamentos constantes apagaram os sinais das pessoas que passaram antes.

Vista do Paso Rasac para o lado de onde eu vim.

Descida do Paso Rasac.
Em uma das muitas pedras que deslizaram com minha pisada, tive uma torção no joelho direito e ele passou a doer a cada passo que eu dava pra descer, então tive que me apoiar bastante nos bastões. Pensei que seria uma dor momentânea, como vivo tendo nos joelhos, mas ela continuou até o fim da viagem, mais de um mês depois. Felizmente, só doía nas descidas.

Paso Rasac visto da Laguna Barrosococha.
Logo que cheguei no acampamento da Laguna Jahuacocha, comecei a perguntar para os guias sobre transporte de Llamac a Chiquián e Huaraz, e encontrei um que tinha espaço na van, indo direto pra Huaraz por apenas 80 soles (R$ 112,00), então eu disse que caminharia com eles no dia seguinte.

Laguna Jahuacocha, o acampamento fica do outro lado.

Alguns guias estavam pescando trutas no rio Jahuacocha.

Cachoeira no Campamento Jahuacocha.

Vista do Campamento Jahuacocha.
No início da noite começou uma chuva leve, a primeira desde que cheguei no Peru, há quase um mês. Como a previsão dizia haver possibilidade de chuva/neve hoje, me planejei para atravessar o Paso Rasac antes disso e fiz bem em não adiar, porque agora não devem mais haver pegadas no gelo, dificultando a travessia.
Dia 29 - 18/07/2022 - Circuito Huayhuash, dia 7
Choveu quase toda a noite e a temperatura foi de 0 grau. Dormi muito bem e levantei às 04:15 para estar pronto antes do grupo da van, pois queria sair mais cedo para ter uma folga na caminhada. Durante a subida eles me alcançaram, já que as mochilas deles eram levadas pelas mulas e a minha era levada pelo burro por mim mesmo, então seguimos juntos até Pocpa, onde a van nos esperava.

Vista da Mancan Punta, no caminho para Pocpa.

Descida para Pocpa.
Chegando em Huaraz, fiquei pela terceira vez no Lhotse Hostel e e fui comemorar na Chicharronería San Francisco, um restaurante frequentado apenas pelos moradores, com preço bom e pratos deliciosos.
Dia 30 - 19/07/2022 - Huaraz
Nesse dia, fiquei cuidando dos equipamentos, lavei roupas, fiz backup das fotos e, claro comi muito para compensar os dias nas montanhas. O almoço foi o prato executivo do Rupay, que estava ok, com um bom sorvete na Sabores de Casa. De noite, jantei de novo a truta com quinoa cremosa do Jama, a melhor comida da viagem.

Aproveitei o calor de Huaraz para ficar sentado na praça, lendo e tomando sorvete, em um merecido dia de descanso.
Dias 31 a 33 - 20 a 22/07/2022 - Lima
Dia 31 – 20/07/2022
Voltei de ônibus para Lima, mas dessa vez me hospedei em Miraflores, no Hotel Esperanza, que está bem próximo do Parque Kennedy, um parque cheio de turistas e gatos. Enquanto eu caminhava, de noite, uma pessoa me pergunta:
-Maconha?
-Não tenho.
-Eu tenho, você quer?
-Não, obrigado.
Que ingenuidade a minha por achar que ele estava pedindo e não vendendo. Logo depois, cheguei na La Lucha Sanguchería, que foi bem recomendada em um site de viagens mas o sanduíche é bem simples, o melhor foi a batata frita.
Dia 32 – 21/07/2022
Como o melhor jeito de conhecer uma cidade é caminhando, fui até o Malecón de Miraflores, uma série de parques com vista para o mar, e andei 22 km, passando pelo Museo Larco (bem interessante), Pastelería Todo Dulce (doces deliciosos, especialmente o suspiro limeño) e Plaza San Miguel, de onde peguei um táxi de volta até Miraflores.

Em um dia de sol, a vista do Malecón deve ser bonita, mas no inverno os dias estão sempre nublados.

Parque Chino.
Antes de voltar ao hotel, fui conhecer a famosa Dulces Limeños Anita e comi mazamorra morada e arroz con leche. A mazamorra tem sabor parecido ao do sagu de vinho, mas sem as bolinhas, e o arroz com leche é idêntico ao arroz doce brasileiros. Ambos são bons, mas o suspiro limeño ganha fácil como a melhor sobremesa peruana.
De tarde recebi uma mensagem no WhatsApp vindo do hostel que reservei em Cusco. Me disseram que o Booking errou ao aceitar a reserva, que estão cheios e eu que deveria cancelar. É óbvio que é mentira, eles pegaram uma reserva por fora do Booking com melhor preço e não querem cancelar para não terem problemas. Avisei que não faria o cancelamento porque teria que pagar uma diária, mas até a hora de dormir, não me escreveram mais.
Dia 33 – 22/07/2022
Hoje a caminhada foi por San Isidro, um bairro chique de Lima. De tarde, fui para o Parque Kennedy para passar um tempo lendo e, pouco depois que cheguei, passou um cara falando baixinho “maconha, maconha, maconha”. Depois veio outro cara que parou, começou a puxar papo e me perguntou:
-Quer maconha?
-Obrigado, mas não curto.
-Cocaína?
-Hm, hoje não, obrigado.
Justo eu, que mal bebo cerveja… Esses caras são péssimos em escolher o público-alvo. Como minha droga é o açúcar, fui de novo na Anita e comi picarones, uma massa frita em formato de donut que se come com uma calda meio parecida com nosso melado. Gostoso, mas nada especial.
Então fui para a rodoviária abastecido de pães, empanadas e 6 Dunkin Donuts, pronto para encarar uma viagem de 23 horas até Cusco. Enquanto esperava o ônibus, escrevi de novo para o Retamas Hotel Cusco para saber porque não fizeram o cancelamento e eles disseram que eu não serei cobrado, mas que farão o cancelamento depois. Deixei bem claro que iria pessoalmente até o hotel para resolver isso e deixei o assunto de lado.

Parque El Olivar, em San Isidro.
Dias 34 e 35 - 23 e 24/07/2022 - Cusco
Dia 34 – 23/07/2022
Até que a viagem passou rápido, apesar de ter dormido pouco. A possibilidade de ter livros e filmes no celular faz com que seja fácil ocupar o tempo, não sinto a menor saudades da época em que precisava carregar livros em papel e revistas de palavras-cruzadas.
Para compensar as “refeições” que fiz no ônibus, fui jantar no restaurante Jonas, que estava muito bem indicado no TripAdvisor. Pedi uma alpaca com penne que estava muito boa e, de sobremesa, experimentei lengua de sogra em uma pastelería, mas não achei muito bom.
Me hospedei na pousada El Viejo Roble, que tem um quarto bem confortável e com uma pequena cozinha. O problema é que, quando fui tomar banho, não havia água. Quando escrevi para o dono, ele me disse que estavam sem água desde de manhã, então fiquei bastante bravo por não terem me avisado, já que eu poderia ter tomado banho mais cedo. Depois de uma boa discussão, fui dormir sem banho mas, ao menos, não me cobraram essa noite, o que é justo.
Dia 35 – 24/07/2022
Comprei um power bank para repor o que não está funcionando bem, também comprei comida para a trilha e, no início da noite, fotografei a Plaza de Armas.

Iglesia de la Compañía de Jesus, no Centro Histórico de Cusco.

Plaza de Armas.
Dias 36 e 37 - 25 e 26/07/2022 - Tinke
Dia 36 – 25/07/2022
De manhã eu andei mais um pouco por Cusco e, então, peguei o ônibus para Tinke, a vila que serve de base para o Circuito Ausangate.
Tinke é bem pequena, com duas ou três hospedagens, e acabei optando pelo Hostal El Viajero, que é simples mas tem um quarto bem grande e a internet é rápida.
Jantei no Mc Ronald, um pequeno restaurante que a cada dia tem duas opções de pratos, sempre comida simples mas bem temperada e muito barato.
Dia 37 – 26/07/2022
Como o dia começou nublado e a previsão não estava muito boa, resolvi ficar mais uma noite em Tinke.
O café-da-manhã foi na praça, quando bebi um delicioso leite com kiwicha e comi dois pães, um com abacate e outro com queijo. Tudo por apenas 5,50 soles (R$ 7,70).

Em Tinke, o único lugar para tomar café-da-manhã é a praça.
Para passar o tempo e dar uma pequena treinada, subi um morro que dá vista para a vila e o Ausangate.

Ausangate visto do mirante em Tinke.
O almoço foi novamente no Ronald e o jantar, em uma pollería. A tarde eu passei no quarto, jogando xadrez, assistindo filmes e lendo.
Dia 38 - 27/07/2022 - Circuito Ausangate, dia 1
Acordei às 02:30 e não consegui mais dormir.
Outra vez tomei o café-da-manhã na praça, mas como ia para a trilha, comi 3 pães, incluindo também um com ovo.
Depois fui até o ponto das moto-táxis e ele queria me cobrar 60 soles, então negociei e abaixou um pouco o preço, ficando em 50 soles. Parece bom negócio, mas depois conheci um peruano e ele me disse que pagou apenas 20 soles, essa é a diferença de ser peruano e estrangeiro, que sempre paga mais caro.
A estrada é de terra, esburacada e o moto-taxista pilotava bem mais rápido do que deveria, ainda mais porque ele tinha capacete, mas o cliente que se dane, pra quê dar capacete pro cliente? Depois de 45 minutos de muito medo, chegamos no início da trilha e, finalmente, eu estava em segurança.
Esse dia não teve subidas íngremes mas, mesmo assim, tive um pouco de dificuldade, talvez tivesse perdido parte da aclimatação.
Ao chegar na Laguna Pucacocha, vi uns abrigos feitos para colocar a barraca e, claro, optei por ficar ali, protegido do vento. O dia todo teve sol, rendendo boas fotos.

Laguna Upis ainda congelada pelo frio da noite.

Circuito Ausangate.

Laguna Pucacocha, ponto do primeiro pernoite.

Laguna Pucacocha.

Há muitos pássaros na Laguna Pucacocha, como esses patos que estavam construindo um ninho.

Abrigos para as barracas.
Dia 39 - 28/07/2022 - Circuito Ausangate, dia 2
Fiz algumas fotos do amanhecer, tomei café-da-manhã e, pouco depois de sair, vi ao longe uma barraca com uma pessoa em frente, acenei e continuei a caminhada.

Nascer do sol na Laguna Pucacocha.

Alpacas e a Laguna Pucacocha ao fundo.

Alpacas.
Ainda bem que no dia anterior não segui até a Laguna Ausangate, pois ela é bem menos bonita que a Pucacocha, onde acampei. Quando estava perto da laguna, uma campesina me alcançou para cobrar a taxa e, mesmo eu não usando aquele acampamento, queria 10 soles. Eu dei uma nota de 20, mas ela não me deu o troco. Quando cobrei de volta, falou que não tinha 10 soles para me devolver, então eu disse que pagaria 6 soles, que era o que eu tinha em moedas. Incrivelmente ela achou 10 soles e esse foi mais um dos muitos casos em que tentaram enganar o “gringo”, já estava bem cansado disso.

Laguna Ausangate.

Laguna Ausangate vista da subida do Paso Palomani.
Quando eu estava no alto do Paso Palomani, chegou um trilheiro peruano, conversamos um pouco e ele perguntou se poderia me acompanhar, já que eu faria um caminho fora do circuito tradicional, que parecia mais interessante.

Clique para abrir uma foto em 360 graus feita no Paso Palomani. Depois de aberta, gire a foto para os lados.

Vista do Paso Palomani.

Para mim, o maior atrativo do Circuito Ausangate é a variedade de paisagens, pois para a esquerda há montanhas nevadas, geleiras e lagos, e para a direita, há montanhas coloridas.

O caminho tradicional desce para o vale que está do lado direito dessa foto. Nós fomos para um lago que fica no meio da foto, 2 km depois do lago marrom.

Eu no Paso Palomani, foto feita pelo Christian.

Clique para abrir uma foto em 360 graus com vista para o Valle Machuracay. Depois de aberta, gire a foto para os lados.
Simpático esse peruano e, assim como eu, se sentia mais seguro acampando com mais alguém, pela questão de assaltos. Ao que parece, aqui não há muito perigo, mas se um peruano mesmo sente receio, eu tinha todo o direito.
Paramos na Laguna 4900, que tem esse nome por estar a 4.900 metros de altitude, o ponto mais alto que acampei nessa viagem. O ruim desse local é que não há água corrente, então tive que pegar água do lago e fiquei torcendo pro Hidrosteril ser eficiente.
Novamente, não foi um dia de subidas muito difíceis, com apenas um trecho foi íngreme, mas as paisagens foram incríveis.
Dia 40 - 29/07/2022 - Circuito Ausangate, dia 3
Noite de muito frio, com 10 graus negativos, mas dormi bem. A trilha começa com uma longa descida e, depois, caminhamos um bom tempo em um vale, quando então tivemos a única subida longa do dia, que leva até o Paso Khampa, com mais de 5 mil metros de altitude.

Laguna 4900.

Trilha para o Paso Khampa.
Meu plano era acampar em um dos lagos depois do Paso, mas chegamos cedo, consegui fazer minhas fotos e, então, seguimos até Pacchanta, para podermos comer bem e achar uma hospedagem. Porém, quando chegamos em Pacchanta, havia uma van que estava indo direto para Cusco e nos cobrou apenas 40 soles (R$ 56,00). Estávamos cansados pois havíamos caminhado dois dias em um, então seria bom comer logo e dormir em Pacchanta, mas teríamos que, no dia seguinte, contratar um táxi até Tinke e pegar um ônibus até Cusco, o que seria bem mais trabalhoso.

Esse é um dos acampamentos que deixamos para trás por estar muito cedo.

Há muitas criações de alpacas por todo o Circuito Ausangate.

Alpacas.

A Laguna China Otorongo tem a água incrivelmente cristalina, mas é proibido entrar nela.

A Laguna Orco Otorongo é bem maior e mais funda que a China Otorongo.

No segundo e terceiro dias de caminhada, vi diversas viscachas, esse pequeno roedor parecido com um coelho, mas que tem o rabo bem comprido.

Vila de Pacchanta.
Chegando em Cusco, me hospedei no Eco Inn, que tem um quarto muito bom, está em ótima localização e o preço é baixo para o que oferece. Para completar, eles têm um cachorro de uma raça que não conheço, bem parecido com um buldogue mas maior, que é super brincalhão e me trouxe uma bolinha assim que cheguei no portão. Estava no lugar certo!

Esse é o simpático Sultán, mascote do Eco Inn em Cusco.
O jantar foi um excelente bife à milanesa no restaurante La Nostra, quase em frente ao hostel.
Dias 41 e 42 - 30 e 31/07/2022 - Cusco
Dia 41 – 30/07/2022
Mais um dia de cuidar de equipamentos, lavar roupas e fazer back-up das fotos.
Na hora do almoço, encontrei o Christian e fomos ao Los Ricos Chicharrones, que não estava muito bom. Depois andamos pelo Mercado Central, comprei muitas frutas secas e, na frente do mercado, tomei uma frutillada, bebida deliciosa típica de Cusco feita com diversos ingredientes, mas tendo o morango como base.

Plaza de Armas em Cusco.

Iglesia de la Compañía de Jesus.
Dia 42 – 31/07/2022
Dia reservado para conhecer os mirantes de Cusco. Primeiro fui ao da Plaza San Cristóbal, que não fica muito longe do Centro Histórico e tem uma boa vista para a Plaza de Armas. Em seguida fui para o Cristo Blanco, que é bem mais longe e não achei muito interessante, já que só se vê os telhados das casas.

Vista da Plaza San Cristóbal.

Vista do Cristo Blanco.
Almocei outra vez com o Christian, dessa vez no Mercado Central, onde comemos malaya frita, uma receita de carne típica do Peru, que estava bem gostosa.

A malaya frita é uma comida deliciosa típica do Peru e, para melhorar, matei saudades de comer feijão.
Dias 43 a 46 - 01 a 04/08/2022 - Puno e Lago Titicaca
Dia 43 – 01/08/2022
Passei o dia no ônibus e, chegando em Puno, deixei minhas coisas no hotel e fui conhecer um pouco da cidade, que é feia, exceto pela Plaza de Armas e por uma rua turística.
Comi uma pizza gostosinha no Pizza Andina e, como sempre, fui dormir cedo.
Dia 44 – 02/08/2022
Hoje foi o primeiro dia da saída de barco pelas ilhas do Titicaca. Eu costumo evitar esse tipo de passeio, com guia e horários engessados, mas é o único jeito de conhecer sem gastar uma fortuna. O barco navega tão devagar que, se fosse um barco rápido, daria para conhecer tudo em apenas um dia, mas como o que me interessa mesmo é estar em uma ilha no pôr do sol, minha escolha seria a mesma.
Primeiro paramos em uma das Ilhas Uros, que são feitas de junco (totora) e os moradores recebem os turistas para tentar vendê-los passeios com os barcos de totora ou o artesanato.

As ilhas flutuantes de Uros são construídas com a totora (junco) colhida no Lago Titicaca

Esse tipo de barco feito de junco se chama caballito de totora e começou a ser usado há 3.500 anos!

Assim como a ilha flutuante, as casa também são feitas de junco.
Em Amantaní, fiquei em uma hospedagem bem ruim, mas a comida até que estava tolerável, apesar de ser pouca.

Ilha Amantaní.

Ilha Amantaní.

Não parece pouca comida, mas o prato é menor que o usado no Brasil. Já o prato servido para o guia tinha quase o dobro de comida, para vermos que a dona da hospedagem estava preocupada em agradar quem a contrata, não o cliente final.
Quando íamos sair para a trilha até o morro de onde se vê o pôr do sol, eu avisei que iria sozinho porque o grupo era muito lento e que talvez não chegassem em tempo.

Pôr do sol visto de Amantaní. A chuva que caía em Puno só chegou na ilha no início da noite, deu tempo de voltar para a hospedagem sem me molhar.

Pôr do sol visto de Amantaní.
Dia 45 – 03/08/2022
Primeiro fomos até Taquile, que é famosa por sua tecelagem, e almoçamos em um restaurante com vista linda para o Titicaca.

Ilha Taquile.

A cristalina água do Titicaca.

Por ser alta temporada de turismo, em todo lugar haviam apresentações folclóricas.

Apresentação em Taquile.

O almoço estava bom e a vista, melhor ainda.
De noite, já em Puno, fotografei a Plaza de Armas e jantei novamente na Pizza Andina.

Plaza de Armas em Puno
Dia 46 – 04/08/2022
Logo cedo, quando fui amarrar o tênis, minha hérnia deu sinal de vida. De manhã fui até a Plaza de Armas para fazer umas fotos e fiquei um tempo lendo, quando a hérnia piorou. Depois subi o Cerrito Huajsapata e o Mirador El Cóndor. O Cerrito não tem uma vista muito bonita, mas o El Cóndor é legal, vale a caminhada.

Plaza de Armas em Puno.

Puno e Lago Titicaca vistos do Mirador El Cóndor.
Almocei no restaurante Valeria e, então, fui para o terminal para pegar o ônibus até Arequipa, viagem que leva quase a noite toda.
Dias 47 e 48 - 05 e 06/08/2022 - Arequipa
Dia 47 – 05/08/2022
Fui até a Plaza de Armas e, de lá, segui para a picantería La Capitana, por indicação do Christian, onde comi um bom rocoto relleno, prato típico de Arequipa feito com um pimentão recheado de carne moída e acompanhado por batata com creme. Ah, vale dizer que o pimentão deles é apimentado, não como o nosso. Depois do almoço fui para o Mirador de Yanahuara e, pouco antes de chegar, tomei um queso helado, um sorvete de queijo bastante famoso em Arequipa. Esse sorvete não estava ruim, mas tinha o mesmo gosto de um sorvete de creme brasileiro. Depois eu experimentei em outras sorveterias e achei um bem saboroso.

Vulcão Misti visto desde Arequipa.
No fim do dia, fui novamente para a Plaza de Armas para fotografar no início de noite.

Plaza de Armas.

Plaza de Armas.
Dia 47 – 06/08/2022
Nova caminhada por Arequipa, primeiro conhecendo o Mercado Central, depois fotografei a Plaza de Armas e segui até Yahahuara, para comer na picantería La Nueva Palomino. Primeiro me irritei porque no Facebook deles dizia que abriam às 11:30, mas fiquei meia hora esperando pois só abrem ao meio-dia. Depois me irritei mais um pouco porque é um desses restaurantes que os garçons batem palmas quando entram os clientes, porque só haviam turistas e, para completar, demoraram até mesmo pra trazer o cardápio. Quando era 12:30 e nem haviam anotado meu pedido, fui embora e comi de novo no La Capitana.

Arequipa é conhecida como La Ciudad Blanca por ter muitas construções feitas de sillar, um tipo de pedra bem clara, de origem vulcânica.

Entalhes feitos no sillar.

Arequipa.
De tarde fiquei no hotel deixando o tempo passar até a hora de ir para a rodoviária e, chegando lá, passei um tempo lendo em meio aos gritos de duas mulheres que ficavam anunciando os destinos das agências em que trabalham, como se alguém comprasse passagem de ônibus por impulso, é incrível a falta de civilidade delas.
Dia 49 - 07/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 1

Em vermelho estão as estradas de terra e, em verde, as trilhas.
Apesar de gostar de viajar de dia, só há ônibus para Cotahuasi de noite, então não tive escolha. Me assustei algumas vezes com a velocidade que o motorista entrava nas curvas, mas no geral até que foi bom, considerando como eles dirigem.
O ônibus chegou às 03:30 em Cotahuasi e fiquei até as 08:00 no ônibus, já que não teria para onde ir. Quando o terminal abriu, fui em todas as pousadas para ver os preços e instalações e acabei no Hotel Los Andenes, que é bem confortável, tem preço bom e wifi, o que várias não tinham.

Cânion de Cotahuasi visto da cidade de Cotahuasi.
O gerente do hotel conhece bem a região e me deu várias dicas, o problema era o transporte para chegar no início da trilha, já que as informações eram conflitantes.
Como me disseram que havia uma van que sai às 15:30 para Charcana, peguei minhas coisas na pousada e resolvi ir no mesmo dia, mas quando deu 16:00 e não apareceu a van, saí perguntando para quem encontrava. Uma mulher que estava ao meu lado nem sabia onde fica Charcana, mas foi gentil de pesquisar na internet. O amigo dela, ainda mais gentil, foi perguntar na rodoviária, como se fosse para ele, e disseram que já havia partido, o que não é verdade porque eu estava lá muito antes do horário. Então abordei um táxi que estava com duas clientes, expliquei minha dúvida e a conversa seguiu assim:
Senhora 1: hoje é domingo, não passa.
Senhora 2: às vezes passa, mas se ainda não passou, hoje não passa.
Motorista: sai uma van amanhã às quatro da manhã.
Eu: minha dúvida é essa… O senhor diz que é às 4:00, outra pessoa me disse às 05:00 e a seguinte, às 03:00.
Motorista responde, com ar de convicção: três e meia!
Desisti, fui para a pousada desanimado por ter perdido a tarde inteira com isso, mas ao menos a pousada era boa. O que resolvi fazer? Acordar às duas e torcer para que exista essa van das 3 da manhã.
Dia 50 - 08/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 2
Para minha sorte, a van apareceu mesmo às 3 da manhã e chegamos em Charcana às 04:30, então fiquei na praça até depois do sol nascer e poder enxergar as paisagens.
Infelizmente esse dia estava nublado, porque o mirante que fica uns 5 km depois de Charcana é espetacular, mas não consegui fazer boas fotos. Durante o dia melhorou um pouco o tempo, mas mesmo assim não ficou bom para fotografar paisagens distantes.

Mirante Toyja, 5 km depois de Charcana.
A descida para o fundo do cânion é longa e íngreme, o descenso acumulado foi de 2 mil metros, o maior que já tive em décadas fazendo trilhas.

Descida para Quechualla.

Nessa região do cânion, as cores das montanhas são lindas.
Quechualla parecia uma vila fantasma, foi difícil achar uma pessoa que pudesse me indicar onde existe hospedagem. Acabei me hospedando em um quarto simples, na casa de uma família bem simpática, e também comi junto com eles e tivemos uma boa conversa sobre política, o Peru e o Brasil.
Dia 51 - 09/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 3
Logo cedo eu fui até a Cascada Ushua, que não é muito bonita para quem, como eu, vive cercado por cachoeiras da Serra do Mar, mas como foi a única cachoeira que vi em que é possível tomar um banho, aproveitei, mesmo com sua água congelante.

Cascada Ushua, perto de Quechualla.

Cascada Ushua, perto de Quechualla.
Depois segui até o bosque de cactus Judiopampa, que eu havia lido que tem cactus com até 15 metros de altura, mas nenhum deles chega nem perto disso.

Rio Cotahuasi

Bosque de cactus Judiopampa.

Bosque de cactus Judiopampa.
Por fim, voltei um pouco e subi até Velinga, onde me hospedei com a Sra. Angelica em um quarto bem simples e, novamente, jantei com a família dos moradores. Assim como ontem, me perguntaram se tenho família, então o diálogo com a Sra. Angelica seguiu assim:
-Você tem família?
-Sou solteiro.
-Não tem filhos?
-Que eu saiba, não.
-Se minhas filhas não estivessem casadas, você levaria uma delas.
Silêncio da minha parte.
-Mas não se preocupe, você vai achar uma peruana para levar para o Brasil.
Dia 52 - 10/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 4
Acordei às 03:00 e fiquei vendo filmes até a hora do café-da-manhã.
Na descida até o ponto de ônibus, ajudei um senhor a carregar o botijão de gás até a estrada e ele foi me contando sobre a região e sua história.

Vista do ponto de ônibus em Velinga.
Desci do ônibus na Cascada Sipia, que deve ser muito bonita, mas só se enxerga a primeira queda, as outras duas, que são maiores, ficam escondidas pelo cânion.

Cascada Sipia.
Na entediante caminhada de volta para Cotahuasi, pedi carona para os carros, mas só o terceiro parou, quando já estávamos razoavelmente perto da vila. Pensei ter dado sorte, mas o motorista da Hilux foi o mais psicopata que eu já vi, pois estávamos em uma estrada em que só cabe um carro por vez, sendo que à esquerda ficava a montanha e, à direita, um precipício. Mesmo nessas condições, ele fazia todas as curvas cantando os pneus, se viesse um carro de frente, não daria para parar nem desviar. Pouco depois havia mais uma pessoa pedindo carona, então quando ele parou, eu fui para o banco de trás com a desculpa de estar junto com minha mochila.
Quando chegamos na rodoviária, novamente recebi informações conflitantes sobre o horário do ônibus para Pampamarca, mas como uma das pessoas me disse que em meia hora sairia, resolvi esperar e, realmente, apareceu o ônibus.
A estrada para Pampamarca é muito bonita, mas a hospedagem é muito ruim, ainda bem que foi só por uma noite.
Às 21:00, uma banda começou a tocar e ficou até meia-noite tocando as mesmas 3 músicas, só consegui dormir depois que pararam, porque estavam bem abaixo da minha janela.
Dia 53 - 11/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 5
Depois do café-da-manhã, fui para o Bosque de Piedras Huito, que fica no topo de uma íngreme subida de uns 500 metros. O bosque de piedras é muito bonito, com formações bem interessantes, e a vista para o vale é uma das mais bonitas de todo o cânion. Além disso, vi diversos condores, sendo que um deles passou bem perto de mim.

Condor sobrevoando o Bosque de Piedras Huito.

Condor sobrevoando o Bosque de Piedras Huito.

Bosque de Piedras Huito.

Bosque de Piedras Huito.

Bosque de Piedras Huito.

Bosque de Piedras Huito.
Depois fiz a trilha curta para o mirante da Catarata Uskune, que fica bem longe do mirante, mas é muito bonita.

Mirante para a Catarata de Uskune.

Catarata de Uskune.
Como eu tinha tempo sobrando, me sentei no banco em frente ao ponto de ônibus e fiquei lendo. Quando foi se aproximando o horário de saída, começaram a aparecer mais pessoas e eu vi que não respeitariam o horário de chegada de cada um. Quando o motorista abriu a porta, começou o empurra-empurra. Fiquei parado ao lado da porta para deixar uma senhora entrar, quando um homem de uns 20 anos tentou entrar na frente dela, empurrando a nós dois, daí me cansei e empurrei o sujeito para longe, deixei a senhora entrar e subi atrás dela.
Quando cheguei em Cotahuasi, fui pela terceira vez no restaurante Sumac Micuy e comi chicharrón de frango, anéis de lula fritos, arroz e batata.
Dia 54 - 12/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 6
Peguei o ônibus que vai pra Quechualla e desci em Chaupo, pois queria fazer uma foto do cânion em um ponto muito bonito. Cheguei no mirante às 08:50 e fiquei 3 horas esperando a luz certa, então voltei caminhando para Cotahuasi. Depois de 11 km, consegui uma carona, mas ao chegar na vila o motorista me cobrou 5 soles, então não foi exatamente uma carona, mas valeu cada centavo.

Mirante em Chaupo.

Cânion de Cotahuasi visto da estrada.

Cânion de Cotahuasi visto da estrada.
Para programar minha ida para Puyca, fui até a Municipalidad de Cotahuasi e conversei com o responsável pelo transporte, mas nem ele sabia os horários, então ligou para uma pessoa e, finalmente, consegui a informação.
No fim do dia, fiz umas fotos da igreja de Cotahuasi e comi um choripán no La Placita, que estava bom mas veio em um pão de hambúrguer, não sei se por aqui é assim ou se estavam sem o pão certo.

Igreja de Cotahuasi.
Dia 55 - 13/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 7
Fui de ônibus para Tomepampa e, ao chegar, procurei a trilha pro Mirador Locrahuanca. Como não encontrei, saí perguntando até encontrar um homem me indicou o começo da trilha. É uma subida de 650 metros até a vila Locrahuanca, não é tão curto como dizia o site. Aliás, como não tinha nenhuma foto no artigo, imagino que escreveram sem nunca terem pisado na trilha. Depois de fazer umas fotos, voltei rapidamente para Tomepampa para não perder o ônibus que me levou até Alca, de onde tinha que pegar o ônibus até Puyca.

Vista a partir de Locrahuanca.

Tomepampa.
Mais uma vez, me deram o horário errado e fiquei duas horas a mais parado em Alca, tempo esse que eu poderia ter gastado na trilha. Não consigo entender qual é a dificuldade em colocar uma placa com os horários. Ainda se fosse algo caro e difícil de fazer, eu entenderia, mas é fácil e barato, então só posso imaginar que é por preguiça.
Enquanto eu estava na praça, vieram 5 peruanos com mais ou menos 20 anos, para conversar comigo. Fizeram diversas perguntas sobre o Brasil e sobre mim e, então, me pediram para conversar em inglês, para treinarem um pouco. Situação um pouco estranha, mas ao menos serviu para matar tempo.

Esperando o ônibus em Alca.
A estrada pra Puyca é lindíssima, uma pena que eu não estava de carro para poder parar e fotografar.
Em Puyca, fiquei em uma hospedagem novamente bem simples.
Dia 56 - 14/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 8
Às 03:30 algum infeliz ligou um rádio em volume alto e, logo depois, começou o barulho de uma máquina, parando só às 05:00.
Subi para as ruínas de Maukallacta, que são interessantes, mas o melhor era a vista para o cânion. Em um dos mirantes, conheci 4 peruanos que estavam em busca de condores para fazer o primeiro censo de condores do Cânion de Cotahuasi.

Ruínas de Maukallacta.

Ruínas de Maukallacta.

Ruínas de Maukallacta.

Vista a partir das ruínas de Maukallacta.

Vista a partir das ruínas de Maukallacta.
Chegando em Cotahuasi, jantei mais uma vez no Sumac Micuy e, dessa vez, escolhi o chicharrón de cerdo, acompanhado por cebola, batata frita e batata-doce frita. Novamente foi gostoso e barato.
Dia 57 - 15/08/2022 - Cânion de Cotahuasi, dia 9
Logo que acordei, fui buscar a camiseta e o boné que deixei secando o suor no varal do Hotel Los Andenes, mas alguém os roubou. É impressionante que roubem roupas usadas e sujas… Minha paciência com as pessoas estava cada vez menor e a seguir, diminuiu ainda mais. Isso porque, quando fui comprar frutas desidratadas, percebi que a vendedora pesou a fruta e me olhou para ver se eu estava conferindo o peso. Fiquei quieto, mas depois que ela pesou o segundo pacote, pedi para colocar os dois na balança e, como imaginei, ela estava me roubando. Dei uma bronca nela em voz alta, para outra cliente que estava na loja ouvir, e fui embora ainda mais cansado com a malandragem que eles têm com os turistas.
Almocei pela quarta e última vez no Sumac Micuy e fui para a rodoviária esperar o ônibus, não queria mais encontrar nenhuma pessoa porque a paciência havia acabado.
Como a empresa de ônibus Reyna não tinha assento no andar inferior, comprei passagem pela Abraham e, para minha surpresa, não havia fivela no cinto de segurança do meu assento. Quando reclamei com o motorista, ele disse que havia, foi procurar e, ao ver que não tinha o fecho, disse que algum passageiro retirou (como se a fivela não fosse muito bem costurada), mas que não tinha problema. Dei uma boa bronca nele, mas o que eu poderia fazer, além de não perder o ônibus? Enfim, embarquei e fiquei torcendo para esse motorista psicopata não bater o ônibus.
Dias 58 e 59 - 16 e 17/08/2022 - Arequipa
Dia 58 – 16/08/2022
A noite passou devagar porque eu ficava com medo a cada freada brusca que o motorista dava, e foram muitas! Felizmente, cheguei inteiro em Arequipa e fiquei das 03:00 às 06:30 na rodoviária, quando fui para o Hostel Espinoza deixar minha mochila e começar a caminhar pela cidade.
Mas, antes de começar a caminhar, fui para o Mercado Municipal e, na frente do mercado, comi duas papas rellenas e uma salteña que estavam deliciosas e muito baratas, gastei apenas 3,90 soles (R$ 5,46) em tudo.

As andenerías do bairro Carmen Alto tiveram início no século XIV e, felizmente, foram mantidas mesmo com o crescimento da cidade.

Apresentação de dança por causa das festas de aniversário de Arequipa.

Apresentação de dança por causa das festas de aniversário de Arequipa.
Depois caminhei pela cidade e, na hora do almoço, fui novamente para o Mercado Municipal, onde comi um tamal e uma humita. De sobremesa, tomei o primeiro bom queso helado, na Helados Artika, e passei o resto da tarde no hostel.

Plaza de Armas e o vulcão Misti.

Plaza de Armas.

Plaza de Armas.
No fim do dia, fui outra vez para a Plaza de Armas fazer umas fotos e comi de novo em um restaurante chinês, mas dessa vez o porco agridoce estava péssimo.
Dia 59 – 17/08/2022
Novamente tomei café-da-manhã na barraca em frente ao Mercado e, depois, fui em busca de uma LAN House para fazer backup das fotos. Como consegui um bom computador, resolvi fazer o backup de tudo e fiquei mais de 3 horas lá. Quando terminei, já tinha que ir para a rodoviária. Problema é que, quando cheguei na rodoviária, me informaram que o meu ônibus não sairia e que eu iria em outro, duas horas depois. Quando reclamei com a atendente, tivemos essa conversa:
-Nós não tínhamos seu telefone para te avisar.
-Isso não é verdade, acabei de ver na sua tela o meu telefone.
-Tentaram te ligar mas não conseguiram falar com você.
-Primeiro você diz que não tinham meu telefone, depois que não conseguiram falar comigo… Que serviço!
Dias 60 a 63 - 18 a 21/08/2022 - Lima
Dia 60 – 18/08/2022
Depois de 17 horas no ônibus, cheguei em Lima perto do meio-dia, fui para o Airbnb e, em seguida, até a Dulces Limeños Anita para experimentar o suspiro limeño deles. É muito bom, mas não tanto como da Todo Dulce, então decidi ir no dia seguinte até o bairro Pueblo Libre para comprá-los.
De tarde caminhei um pouco por Miraflores e passei o resto do tempo no Airbnb, jogando xadrez e brincando com os gatos.
Dia 61 – 19/08/2022
Caminhei por duas horas até a Plaza San Martín para encontrar o Christian, aquele amigo que conheci em Ausangate, e almoçarmos no restaurante Estadio, que tem um ambiente legal, com temática de futebol. Pedi um lomo saltado com tallarin a la huancaina e foi delicioso, ótima dica do Christian.

Lomo saltado com tallarín a la Huancaína do restaurante Estadio, uma das melhores refeições da viagem.
Depois caminhamos por uma hora até a Todo Dulce, onde comi um suspiro limeño e um doce que não me lembro o nome, mas é à base de mandioca e leite. Esse não é muito bom, mas o suspiro foi incrível de novo e comprei mais três para levar.

Suspiro limeño da Todo Dulce, o melhor doce que comi durante os dois meses.
Para completar, caminhei até o Airbnb, dando 21 km no total.
Dia 62 – 20/08/2022
No café-da-manhã, granola e, de sobremesa, suspiro limeño.
De manhã, caminhada atravessando os bairros de Barranco e Chorillos até chegar na Piedra del Fraile. Interessante ver que havia muita gente correndo na beira da falésia e a grande maioria era de mulheres. O caminho é bonito e deve ser legal fazê-lo no verão, com céu azul e sol, em vez de ter essa névoa impedindo a visão.

Preciso voltar para Lima no verão, para vê-la com sol.
Na volta, parei para almoçar no Canta Rana e comi tacu tacu com langostinos. Tacu Tacu é um prato gostoso, mas não especial, já os langostinos estavam deliciosos!

Tacu tacu com langostinos.
Antes de voltar ao Airbnb, dei uma passada no Parque Kennedy e fiquei o fim do dia no quarto, jogando xadrez e lendo.
Dia 63 – 21/08/2022
No último dia de viagem, não poderia deixar de ter problemas com malandros outra vez. Primeiro foi no táxi, que o Cabify marcava 36 soles antes da corrida mas, na hora de pagar, o taxista disse que seriam 44 soles. Foi a primeira vez que usei o Cabify e não estava achando a informação do preço no aplicativo, então um policial disse que o carro teria que sair e eu desisti de olhar, pagando o valor que o taxista disse, mesmo sabendo que estava errado.
No aeroporto eu tinha que gastar os últimos soles que restavam, então fui em uma cafeteria e pedi alguns salgados e doces. No final, a conta deu 20 centavos a mais do que eu tinha, perguntei se poderiam dar esse desconto mínimo, a atendente pensou um tempo e disse que não. Se não fosse permitido, ela não teria pensado se daria os 20 centavos de desconto, mas sem problemas, retirei uma empanada e, então, ficaram sobrando pouco mais de 7 soles. Aí entendi porque ela disse que não, já que pediu para eu colocar o troco no pote de gorjetas… Se eu tivesse usado todo o dinheiro, não teria como dar a gorjeta. Claro que não dei e, quando recebi o comprovante do pagamento, vi que ela havia me cobrado 10 centavos a mais, então a conversa seguiu assim:
-Você me cobrou 30,20, mas o recibo é de 30,10.
-É a diferença da cotação do dólar.
-É o computador que faz a conversão, o valor já sai certo.
-É 30,20, isso está errado.
-Você não me deixou comprar a empanada por 20 centavos de diferença, e quer cobrar 10 centavos a mais do que o computador marca?
-Você vai reclamar por 10 centavos?
-Sim, eu vou. Quanto você ganha no final do dia, cobrando 10 centavos a mais de cada cliente?
Aí ela me devolveu os míseros 10 centavos, eu saí e entreguei os 7 soles que ainda tinha para o cara que limpa o banheiro, ele não estava enganando ninguém.

Lago Titicaca.
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