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Circuito Dientes de Navarino

Ilha Navarino, Chile

 

Esta é uma página com dicas para quem quer fazer o circuito Dientes de Navarino, sendo um complemento do livro As Mais Belas Trilhas da Patagônia. Na página inicial você pode ver diversas fotos e a lista das trilhas que fazem parte do livro, assim como seu preço e métodos de compra.

Dias: 4
Distância: 44 km
Elevação acumulada: 2.455 m
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Melhor época
Do meio de dezembro até março, antes é provável que algumas lagunas estejam congeladas, dependedo de como foi o inverno.

Como chegar
Há três opções para chegar na ilha Navarino, todas caras. A primeira é voar até Punta Arenas, no Chile, e de lá pegar outro avião, dessa vez um bem pequeno, até a ilha Navarino. A desvantagem de pegar esse voo é que o preço é ainda mais alto que indo de barco e a restrição de bagagem é muito grande, então talvez você tenha que comprar a comida para a trilha na ilha Navarino, o que vai te limitar bastante. A vantagem é que você não vai ficar dependendo das condições do mar, como quem opta por ir de barco.

A segunda opção é ir até Ushuaia, na Argentina, e de lá pegar um grande barco inflável para fazer a travessia. Ao atravessar o Canal de Beagle, a empresa que fez seu transporte de barco vai te levar de van até a cidade de Puerto Williams. As vantagens de ir de barco são que o custo é um pouco menor que o avião, apesar que ainda é bem caro pelo trajeto tão curto, mas principalmente por poder levar bagagem sem limitação de tamanho e peso, o que é útil principalmente para quem está fazendo uma viagem mais longa e carrega mais que a mochila cargueira. A principal desvantagem é que, se as condições de mar estiverem ruins, o que não é raro, o barco não faz a travessia, então imagine o desespero de quem está na ilha Navarino, precisando voltar para Ushuaia para pegar um avião, e não pode atravessar. Atenção: desde o início da pandemia essa travessia parou de funcionar e, até o momento (janeiro de 2023), ainda não voltou.

A terceira opção é pegar um barco de carga em Punta Arenas, que leva também passageiros em cabines simples. A viagem dura 28 horas e passa por inúmeras ilhas, fiordes e geleiras, o problema é que essa travessia só acontece uma vez por semana.

Os links para as empresas que fazem a travessia e o voo estão na seção “Links úteis”, no final desse artigo.

Estrutura (onde dormir, comer e sinalização da trilha)
A trilha está bem demarcada em muitos trechos, mas em alguns é preciso ter bom faro de trilha, então é essencial saber navegar e ter mapa + bússola ou GPS.

Não há refúgios para dormir ou comprar suprimentos, é preciso ser totalmente independente.

Travessia dia a dia
Em alguns guias eles recomendam fazer o circuito em 5 dias mas eu acho um exagero. Quatro dias são suficientes e, se você caminha bem, dá para fazer em 3 dias sem muito esforço. É claro que não faz muito sentido ir até tão longe e correr para terminar logo, mas como as janelas de tempo bom costumam ser curtas, pode ser interessante fazer em menos dias para estar nos pontos mais bonitos com tempo bom.

Dia 1
Puerto Williams – Laguna del Salto
Distância: 8,2 km
Elevação acumulada: 650 m

Se você não contratar um transporte até o início da trilha, vai andar de 2 a 4 km por uma estrada de terra, dependendo do local onde estiver hospedado.

A trilha começa bem demarcada, já que o caminho até a bandeira que dá nome ao Cerro Bandera é bastante percorrida por quem quer fazer uma trilha bate-volta.

Depois o caminho tem algumas marcações mas, por conta dos deslizamentos que acontecem todo inverno, em muitos locais é preciso seguir as pegadas de quem passou antes. Aliás, é bom ter cuidado porque, como andamos lateralmente em um morro bem inclinado, não é difícil causar um pequeno deslizamento.

Dia 2
Laguna del Salto – Laguna Escondida
Distância: 14,5 km
Elevação acumulada: 750 m

O segundo dia começa com a subida para o Paso Australia e é quando pode ser muito difícil de passar sem equipamentos de neve, se você for antes da temporada. Como isso varia de ano para ano, marquei o meio de dezembro como o início da melhor época, assim você não deve ter problemas.

Na minha opinião, o trecho entre o Paso Australia e a Laguna Escondida é o mais bonito de todo o circuito, então não se apresse em cruzá-lo e aproveite cada mirante, laguna e pico. Como é um trecho curto, recomendo que faça o bate-volta até o cume do Cerro Bettinelli, para ter uma visão da cordilheira de um ângulo diferente e, também, para ver o fim do continente sul-americano, já que é possível ver até mesmo as ilhas do Cabo Horn.

Em vez de dormir na Laguna Escondida, uma boa opção é passar a noite um pouco antes, na Laguna de los Dientes, fazendo com que o próximo dia não seja tão curto. Eu prefiro dormir na Escondida porque, para mim, é a mais bonita de todo o circuito, mas isso é uma questão bastante pessoal. Se você for mesmo dormir na Escondida, verá, logo ao chegar, uma península com alguns pontos para colocar a barraca. Apesar de ser tentador dormir em um lugar tão bonito, se o vento ficar “patagônico” durante a noite, vai ser difícil manter a barraca no lugar. Eu resolvi arriscar… E tive que sair correndo às duas da manhã.

Dia 3
Laguna Escondida – Laguna Martillo
Distância: 6 km
Elevação acumulada: 375 m

Esse é um dia muito, muito tranquilo, quase sem caminhada. Na verdade, se você anda bem, pode perfeitamente juntar os dias 3 e 4, ainda mais se sair bem cedo da Laguna Escondida.

Outra opção é passar da Laguna Martillo e pernoitar na Laguna los Guanacos, a última do circuito, deixando então uma caminhada bem curta para o último dia. Questão de gosto e de clima, podendo decidir de última hora.

Dia 4
Laguna Martillo – Estrada Y-905
Distância: 15 km
Elevação acumulada: 680 m

O atrativo do quarto dia vem da travessia do Paso Virginia, mas é também um ponto onde é necessário ter bom tempo para atravessar, já que se houver uma tempestade de neve, é bem provável que aconteça o “viento blanco / whiteout”, sendo fácil de acontecer um acidente com essa condição. Aliás, foi o que ocorreu com um grupo de 3 americanos enquato eu também fazia o circuito, como está explicado no livro Os Mais Belos Trekkings da Patagônia.

Ao chegar na estrada, caso não tenha combinado com ninguém para fazer seu resgate, peça carona que não deverá ter dificuldades para conseguir.

Links úteis