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Circuito Fitz Roy + Vuelta al Huemul

Parque Nacional Los Glaciares, El Chaltén, Argentina

 

Esta é uma página com dicas para quem quer fazer os circuitos em El Chaltén, sendo um complemento do livro As Mais Belas Trilhas da Patagônia. Na página inicial você pode ver diversas fotos e a lista das trilhas que fazem parte do livro, assim como seu preço e métodos de compra.

Dias: 7
Distância: 123 km
Elevação acumulada: 4.600 m
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Melhor época
De dezembro até o meio de março. Se você for bem no começo da temporada mais seca (novembro), pode ser que ainda pegue os lagos congelados, se for um ano com inverno longo e frio. No verão, as temperaturas estarão mais agradáveis, a chance de chuva é menor e, principalmente, há mais chance de ver as montanhas, que podem ficar escondidas por dias atrás das nuvens, apesar de fazer sol na cidade. Como o vento no verão costuma ser muito forte, não se engane ao ver previsões com temperaturas agradáveis porque com o forte vento patagônico, a sensação térmica será muito mais baixa.

Considerando que os campings são selvagens e não há reserva, recomendo que vá para El Chaltén com vários dias sobrando e, assim, possa esperar as janelas de bom tempo, senão é grande a chance de viajar para tão longe e não aproveitar.

Como chegar
Avião até El Calafate e, de lá, ônibus até El Chaltén.

Estrutura (onde dormir, comer e sinalização da trilha)
As trilhas do Circuito Fitz Roy estão muito bem demarcadas e não é necessário ter GPS e/ou mapa. Para a Vuelta al Huemul eu recomendo o uso de GPS e/ou mapa + bússola, pois apesar de estar bem demarcada em muitos trechos, em alguns pontos o GPS vai te fazer economizar bastante tempo ao não ter que ficar verificando se o caminho está certo. Além disso, se você for pego por neblina na travessia dos Pasos, um GPS será de grande importância porque não conseguirá ver nenhum totem.

Travessia dia a dia
A região do Fitz Roy tem diversas trilhas que podem ser feitas em um dia, eu juntei algumas delas para aproveitar melhor o tempo e estar nas montanhas também ao nascer e pôr do sol, além de poder vê-las de noite. Há muitas opções de roteiros, mas o que mostro abaixo é o que me parece mais interessante.

A Vuelta al Huemul é feita em 4 dias ou, se você achar o último dia muito longo, pode dormir no caminho e seguir no dia seguinte para a vila. Normalmente a Vuelta é feita no sentido anti-horário e há dois motivos para isso: o primeiro é que é mais fácil descer o Paso Huemul no sentido Lago Viedma, em vez de subir, apesar que eu tenho dúvidas sobre isso. O segundo e mais importante é que o vento costuma ser forte e, se você fizer no sentido contrário, terá o vento no seu rosto desde o Paso Huemul até o Paso del Viento. A vantagem de fazer no sentido horário (contrário) é que pode pegar um táxi/remis na vila e economizar uma entediante caminhada de 7 km.

Dia 1
El Chaltén – Camping Poincenot
Distância: 13 km
Elevação acumulada: 470 m

Há duas boas opções para iniciar o primeiro dia, uma partindo da Hostería El Pilar, 14 km para o norte de Chaltén, ou começando da própria vila. A vantagem de começar pela Hostería é que não precisará fazer um bate-volta para ver o Glaciar Piedras Blancas, já que passará pelo mirante. A desvantagem é que precisa contratar um transporte até o início da trilha. Outro motivo para iniciar o circuito saindo caminhando já da vila, é mais direcionado aos fotógrafos, pois assim você estará na cachoeira com a luz do início da manhã, que é a ideal para aquele lugar. Como pode imaginar, essa é minha opção predileta mas as duas são ótimas.

A cachoeira que comentei acima fica no Chorrilo del Salto mas não é a cachoeira que tem trilha demarcada e faz parte dos roteiros de turismo. Essa, que é bem conhecida, não tem muita beleza, a que realmente vale a pena fica a menos de 200 metros da trilha que leva para a Laguna de los Tres, mas por não fazer parte do circuito oficial, não tem placa assinalando o local.

Depois de visitar a cachoeira, deixe os equipamentos no camping Poincenot e faça um bate-volta até o mirante do Glaciar Piedras Blancas e, na volta, se aguentar ainda pode ir para a Laguna Sucia ou a Laguna de los Tres, que descrevo no dia 2.

Dia 2
Camping Poincenot – Camping de Agostini
Distância: 22,1 km
Elevação acumulada: 880 m

Se você, no dia anterior, aproveitou para ir até a Laguna de los Tres para ficar de frente para a montanha mais imponente da Patagônia, o Fitz Roy, vá de novo. Isso porque o visual mais bonito acontece antes do nascer do sol, quando as montanhas ficam laranjas, criando um cenário sensacional! Importante: a luz do sol ilumina o Fitz Roy em torno de meia hora antes do nascer do sol, vi muita gente chegando com poucos minutos de antecedência e perdendo o momento certo. Isso porque eles fizeram o cálculo com o horário da vila, mas como a montanha está muito mais alta, é iluminada antes.

Depois, vá para a Laguna Sucia e tenha outra visão do Macizo Fitz Roy, mas essa trilha não está tão bem demarcada, já que não faz parte do circuito oficial.

Por fim, faça a caminhada até o Camping de Agostini, bem próximo à Laguna Torre.

Dia 3
Camping de Agostini – El Chaltén
Distância: 14,2 km
Elevação acumulada: 400 m

Mais uma vez, recomendo acordar antes do nascer do sol para vê-lo colorir as montanhas, dessa vez tendo o Cerro Torre como grande atrativo. Como o camping fica bem próximo da Laguna Torre, não precisará acordar muito cedo e nem fazer uma longa caminhada, mas recomendo que após o café da manhã, siga a trilha para o Mirador Maestri e fique mais perto do Glaciar Grande, voltando em seguida para a vila para uma noite com banho e conforto, antes de ir para o próximo circuito.

Dia 4
El Chaltén – Camping Laguna Toro
Distância: 17 km
Elevação acumulada: 735 m

Esse é o primeiro dia da Vuelta al Huemul e é obrigatório se registrar na APN, que fica bem no início da trilha. Se possível, vá um dia antes para que eles vejam a previsão do tempo, pois se não houver boa previsão para o segundo e terceiro dias, a chance de você não conseguir ver coisa alguma no seguindo e terceiro dias, é grande. Como a vista para o Campo de Gelo Continental Sul é a mais impressionante de todas as trilhas desse livro, não faz sentido você caminhar em meio às nuvens, sem vista alguma, fora o risco de se perder ou de algum acidente. Além disso, se você se registrar no dia anterior, não perderá tempo no dia da caminhada.

Você vai começar percorrendo uma longa subida, até ficar de frente para o Cerro Huemul e, então, começar a descida até o vale que te levará para o camping da Laguna Toro. Fique de olho nas lebres, que são numerosas, e vez por outra pode aparecer alguma raposa, especialmente perto do camping, em busca de restos de comida.

Dia 5
Camping Laguna Toro – Camping Paso de Viento
Distância: 12 km
Elevação acumulada: 665 m

Logo no começo do dia tem a tão famosa tirolesa para atravessar o Rio Tunel. Se você optou por não levar os equipamentos, atravesse o rio junto da Laguna Toro, pois se for pelo caminho normal, não conseguirá sem usar os equipamentos.

Quando chegar no Glaciar Rio Tunel Inferior, você pode andar pela borda da geleira ou, então, pelo próprio morro, mas como todo inverno há deslizamentos, não há um caminho marcado, você vai ter que escolher os pontos que acha mais seguros.

Depois que passar o Glaciar Inferior, vai reencontrar a trilha e iniciar uma subida constante até o Paso del Viento e, quando chegar no cume, torça pro céu estar totalmente limpo para o outro lado, já que a vista é de arrepiar! Você terá dezenas de quilômetros de um dos maiores campos de gelo do mundo, bem abaixo de você, em uma paisagem que não tem o mesmo impacto quando mostrada por fotografias, já que é impossível mostrar a imensidão do campo de gelo sem ter um ponto de referência.

Após um longo tempo de contemplação, siga para a Laguna del Refugio, onde fica o Camping Paso del Viento e, se não for fim do verão, ela estará com bastante água.

Dia 6
Camping Paso de Viento – Camping Lago Viedma
Distância: 16,6 km
Elevação acumulada: 706 m

É difícil dizer qual é a vista mais impressionante, se a do Paso del Viento, ou da subida para o Paso Huemul. Ambas ficam de frente para o campo de gelo, mas se eu tiver que apontar uma, diria que a vista desse dia é ainda mais bonita. Além disso, depois que chegar no cume do Paso Huemul, saia para a direita e vá até a ponta da montanha, para ver o campo de gelo chegando no Lago Viedma, sendo essa uma das vistas mais bonitas do circuito e que pouquíssimas pessoas conhecem.

Após todas essas vistas cheias de adjetivos superlativos, vem a famosa e temida descida do Paso Huemul. Sim, ela é muito íngreme e escorregadia, mas não é o terror que me disseram muitas vezes. Precisa ter cuidado e os bastões de caminhada ajudam demais, mas se você tem experiência em travessias, não precisa se assustar porque os relatos são piores do que a descida.

Chegando no camping do Lago Viedma, se o tempo estiver quente (para os padrões patagônicos, claro), não perca a chance de tomar um banho em meio aos icebergs, afinal, quantas vezes na vida você terá essa chance?

Dia 7
Camping Lago Viedma – El Chaltén
Distância: 26,8 km
Elevação acumulada: 677 m

O último dia é o menos interessante, então deixe-o mais bonito acordando antes do nascer do sol para vê-lo aparecer por trás dos icebergs. Depois comece a longa caminhada de volta para a vila e, se quiser ter uma vista um pouco diferente para a geleira, ande pela península que você pode ver a partir do camping, antes de partir de verdade de volta para a civilização.

Se você combinou com alguém para buscá-lo no fim da estrada de terra (Bahia Tunel), economizará 7 km de uma entediante caminhada, mas se não combinou, tenho certeza que, depois de um circuito tão bonito, você não terá motivos para reclamar.

Links úteis

Nas três vezes em que estive em El Chaltén, me hospedei em três hosterías e um camping. Posso recomendar todos pois sempre fui muito bem atendido. As 3 pousadas são bem confortáveis e têm ótimo café-da-manhã, e o camping é espaçoso, com uma boa área de cozinha, chuveiros e refeitório.